Empurrando o carrinho, eu entro no flat , vou até a recepção, peço a presença do gerente e conto o que está acontecendo. “Vocês tem que tomar uma providência”, eu exijo,”isso é um absurdo”. O gerente se desculpa, claramente surpreso que alguém se dê ao trabalho de reclamar de carros na calçada em uma cidade como essa, e promete resolver o problema.
Eu empurro meu filho para fora, os carros ainda estão lá. Eu aguardo alguns minutos: nada acontece. Eu espero o manobrista aparecer na porta da garagem e lhe digo, num tom de voz que não deixa dúvidas sobre minha disposição de brigar, que ele tem que tirar os carros dali agora. “Se acontecer alguma coisa com algum pedestre, você vai ser o responsável”, eu digo, meu dedo estendido, apontando para ele.
Depois vou embora. Quando volto para casa, duas horas depois, os carros não estão mais ali; já faz três anos, e nunca mais aquele trecho de calçada ficou bloqueado.
Mas os problemas ainda são muitos: taxis, carros e caminhões de entrega param no meio da ciclovia, bloqueando-a completamente. Onibus descem a rua em alta velocidade, ameaçando os ciclistas: o que aconteceria se um deles se distraísse um momento ? (não há separação física entre a rua e a ciclovia, nada impede um ônibus de invaid-la). Ninguém liga, ninguém age, ninguém faz nada.