Vou pedalando e observando as pessoas que caminham no calçadão cheio. Casais abraçados. Turistas de mochila. Vendedores de milho, pipoca, churrasquinho.
De repente um grito. “Minha bolsa”. Pelo canto do olho esquerdo vejo uma mancha indistinta que se move rápido demais no calçadão. A mancha vira um rapaz de bicicleta que volta para a ciclovia, em alta velocidade, alguns metros à minha frente.
Me surpreendo com meu grito alto.
De repente um grito. “Minha bolsa”. Pelo canto do olho esquerdo vejo uma mancha indistinta que se move rápido demais no calçadão. A mancha vira um rapaz de bicicleta que volta para a ciclovia, em alta velocidade, alguns metros à minha frente.
Me surpreendo com meu grito alto.
“Pega ladrão !”
Mudo a marcha e começo a pedalar mais rápido. O rapaz se distancia. Pedalo mais e mais rápido, mas ele continua ganhando terreno.
“Pega ladrão, roubou a bolsa da mulher”
Grito tão alto que, com o esforço de pedalar, minha voz sai esganiçada e rouca. Na frente a ciclovia vazia, só ele e eu. O calçadão continua cheio. Continuamos assim, ele na frente, eu cada vez mais atrás, por um minuto ou dois que me parecem horas.
O sinal da Atlântica se fecha e ele atravessa as duas pistas voando. “Pega ladrão”, grito outra vez, mas ele já está entrando na Miguel Lemos, e desaparece entre pedestres e carros.
Estamos em um sábado de sol, 23 de Julho de 2005. Uma multidão lota o calçadão de Copacabana. Um ladrão acaba de roubar a bolsa de uma turista e apenas uma pessoa, entre as milhares que estão aqui, esboçou alguma reação.
Eu. Porque eu não aceito.
O sinal da Atlântica se fecha e ele atravessa as duas pistas voando. “Pega ladrão”, grito outra vez, mas ele já está entrando na Miguel Lemos, e desaparece entre pedestres e carros.
Estamos em um sábado de sol, 23 de Julho de 2005. Uma multidão lota o calçadão de Copacabana. Um ladrão acaba de roubar a bolsa de uma turista e apenas uma pessoa, entre as milhares que estão aqui, esboçou alguma reação.
Eu. Porque eu não aceito.