O texto abaixo foi escrito em 2005. Como cantou a Legião Urbana, mudaram as estações, nada mudou.
Estou convencido de que quem muda as coisas é a sociedade. O máximo que o governo pode fazer é não atrapalhar.
Estamos todos horrorizados com o que está acontecendo em Brasília. Entretanto, como perguntar não ofende, eu gostaria de indagar à nossa indignada população porque o povo brasileiro, que tem tanto asco destas práticas nojentas, acha muito normal:
Para cada item da lista acima poderia ser dada uma explicação do tipo "avancei o sinal por medo de assalto", na mais pura essência da mentalidade tupinambá: arrumar uma desculpa esfarrapada para o que está errado. - Dar uma cervejinha ao guarda para se livrar de multa
- Avançar sinal a qualquer hora
- Dar propina na alfândega pra trazer muamba
- Molhar a mão do fiscal para se livrar da autuação
- Ter um emprego público e não trabalhar (existem até pessoas que são funcionários públicos no estado A e moram no estado B)
- Adquirir substâncias entorpecentes cuja distribuição é organizada pelos mesmos criminosos que tornam a vida nas grande cidades brasileiras um inferno (pessoas inteligentes e educadas fumam sua maconhazinha e depois vão para as passeatas de protesto contra a violência)
- Comprar porcarias na mão de camelôs e depois reclamar do caos urbano
Vamos deixar de hipocrisia. Se vivemos em um país assim, com esse congresso, é porque temos um povo da mesma categoria. Lembro que as práticas acima são, em sua maioria, características da classe média, ou seja, da elite deste país.
É este o país que construímos. É esta a herança que vamos deixar para os nossos filhos.
O minutinho em fila dupla multiplicado por todos os que fazem igual resulta nas horas perdidas no engarrafamento .
É o mesmo comportamento acompanhando o sujeito, desde que era um cidadão comum até quando passa a ser uma otoridade. Se antes ele subornava o guarda, ele agora embolsa o mensalão. Se antes ele estacionava em fila dupla, ele agora usa carro oficial para transportar o cachorro.
Quilômetros e quilômetros de texto são gastos para analisar o que está na cara de todos e acompanha nosso povo desde sempre: o brasileiro recebe aulas ainda no berço de como não construir uma sociedade honesta e civilizada.
Temos o congresso que merecemos.