Estou descendo a Francisco Otaviano, em uma terça feira de Setembro. Na calçada à minha frente, uma senhora está parada, olhando para cima, em direção aos prédios, cenho franzido.
Nesta cidade, tudo pode acontecer. Eu paro. Penso em oferecer ajuda. Olho para onde ela olha, para o alto. Não vejo nada, só os andares superiores do Colégio Isa Prates, falido, abandonado.
Seria alguém se jogando de uma janela ?
Então eu percebo que a mulher sorri. Ela fala:
"Orquídeas, que coisa. Orquídeas em Ipanema"
Eu olho de novo; em uma árvore na frente do número 86 da Francisco Otaviano, em frente ao Parque Garota de Ipanema, no alto do tronco, crescem três ramos de orquídeas, um rosa e dois brancos.
Numa tarde de sol de setembro, eu e a senhora, parados na calçada, olhando para cima.
Olhando as orquídeas.