Agora é meu amigo da torrada que vem caminhando pela calçada, no melhor trecho de Ipanema, quando uma senhora joga seu carro em cima dele.
“Quero entrar na garagem”, explica ela, apontando a entrada do estacionamento, atrás do meu amigo.
“Minha senhora, eu estou na calçada !” protesta meu amigo, “a senhora não pode fazer isso, jogar o carro em cima de alguém.”
“Mas eu preciso entrar na garagem”’insiste ela, acelerando e movendo o carro para a frente.
Meu amigo recupera o fôlego e se dá conta do absurdo da situação. Ele se lembra da torrada.
“Não vou sair” ele diz, olhando para a mulher. “Estou na calçada, e gostei deste lugar. Vou ficar aqui, em pé, até quando eu quiser”.
Ah, o trânsito – existe um espelho melhor da noção de ética e civilidade do brasileiro ? Porque no trânsito vale tudo, e tudo pode, e quase tudo se resolve com uma carteirada, com um “sabe com quem está falando”, com uma cervejota. O trânsito também mostra como é relativo nosso senso de civilidade. Quando somos pedestres, tudo é um absurdo: o excesso de velocidade, a falta de sinais, o desrespeito dos motoristas ao sinal vermelho, os carros parados sobre a calçada, os bêbados ao volante. Quando os pedestres assumem a direção dos seus carros tudo se inverte instantaneamente, o que era absurdo passa a ser normal, e esses pedestres idiotas que teimam em atravessar no meio da rua ?
No nosso país o certo e o errado dependem de muita coisa. Dependem de quem. Dependem de onde. Fundamentalmente, dependem de quanto.
De onde vem tamanha tolerância ao que é errado, injusto, sujo, poluente, criminoso, imoral ?
O que falta para que os homens de bem comecem a dizer: “Não. Eu não aceito” ?
“Quero entrar na garagem”, explica ela, apontando a entrada do estacionamento, atrás do meu amigo.
“Minha senhora, eu estou na calçada !” protesta meu amigo, “a senhora não pode fazer isso, jogar o carro em cima de alguém.”
“Mas eu preciso entrar na garagem”’insiste ela, acelerando e movendo o carro para a frente.
Meu amigo recupera o fôlego e se dá conta do absurdo da situação. Ele se lembra da torrada.
“Não vou sair” ele diz, olhando para a mulher. “Estou na calçada, e gostei deste lugar. Vou ficar aqui, em pé, até quando eu quiser”.
Ah, o trânsito – existe um espelho melhor da noção de ética e civilidade do brasileiro ? Porque no trânsito vale tudo, e tudo pode, e quase tudo se resolve com uma carteirada, com um “sabe com quem está falando”, com uma cervejota. O trânsito também mostra como é relativo nosso senso de civilidade. Quando somos pedestres, tudo é um absurdo: o excesso de velocidade, a falta de sinais, o desrespeito dos motoristas ao sinal vermelho, os carros parados sobre a calçada, os bêbados ao volante. Quando os pedestres assumem a direção dos seus carros tudo se inverte instantaneamente, o que era absurdo passa a ser normal, e esses pedestres idiotas que teimam em atravessar no meio da rua ?
No nosso país o certo e o errado dependem de muita coisa. Dependem de quem. Dependem de onde. Fundamentalmente, dependem de quanto.
De onde vem tamanha tolerância ao que é errado, injusto, sujo, poluente, criminoso, imoral ?
O que falta para que os homens de bem comecem a dizer: “Não. Eu não aceito” ?