12 de outubro, dia das crianças, brinquedos novos, almoço em familia cedo, duvidas do que fazer, fomos ver a exposição corpos no museu historico nacional. Alias, excelente exposição. Lotada. Gente por todos os lados, crianças, idosos... Pena que os museus do Rio não vivam isso sempre, porque são excelentes.
Chegamos por volta de 13.20, e a cena caótica de sempre, carros pelas calçadas, flanelinhas disputando motoristas, alguns guardas municipais tentando organizar. Como cheguei cedo, havia um portão fechado e um funcionario do museu (fardado, segurança) dentro. Buzinei. Queria perguntar onde era a entrada do estacionamento para alguem "oficial". Ele abriu o portão e pediu para entrar. Pensou que eu era o amigo de alguem que teria "autorização" para entrar pela saida, onde obvio que "autorização" provavelmente seria a cervejinha amiga ou o café da tarde. Desfeito o engano, entrei numa fila de carros para entrada do estacionamento.
Era o quarto ou quinto da fila, que não andava. Alguns motoristas saiam da rua, e vagas começavam a sobrar, sob a placa de proibido estacionar. Chamei o guarda municipal. A resposta foi educada e clara, se voce estacionar aqui será multado. Eu perguntei, tambem educadamente, todos os carros aqui estacionados serão multados? A resposta foi "Sim. Saimos para almoçar e quando voltamos estava esta bagunça mas estamos tentando arrumar. O PM já brigou um monte com a gente". O "PM" em questão, a uns metros de distancia, estava em pé ao lado da patamo.
Deixei a familia comprando os ingressos e fui estacionar nas ruas do centro próximas. Um flanelinha educado me cobrou 3 reais, paguei com prazer e perguntei se ele ia ficar rico com tanta procura na exposição. A resposta foi clara - "só se eu me esconder dos homens, que passaram aqui de manhã e já me levaram 20 reais. de tarde devem vir com mais vontade".
Ou seja, em menos de 1 hora vivi 3 situações claras de corrupção, falta de ética e descaso.
Por isso costumo dizer que o Rio é a cidade mais segura do mundo. Milhões de habitantes numa cidade sem governo, sem controle e sem policia. A nossa (talvez não devamos generalizar mas a percepção é essa) não tem condições de trabalho e aceita uma cerveja, um café, um convite, recebe dinheiro de um sujeito que não deveria cuidar dos carros... um ciclo vicioso perigoso e dificil. Como um sujeito sem condições, sem equipamentos, pode subir um morro e prender traficantes mais armados, mais ricos, mais preparados que ele?
Mas a vida continua. O Rio é lindo, a cidade é maravilhosa, os cariocas sensacionais. E podemos resolver. Por isso eu sigo morando aqui, e considerando um paraiso. Sem policia (que não temos) e sem governo municipal (precisamos dele de volta) deveria ser muito pior... e não é. Então isso aqui é o paraiso e cabe a nós tentar melhora-lo.