10 de Dezembro de 2008


Reunião de Trabalho

Rio de Dezembro


Artigo da revista The Economist sobre a comprovação científica da Teoria da Janela Quebrada (Broken Windows)


Jogue a Lata no Lixo
20 de Novembro de 2008
Da revista The Economist, edição impressaTradução de Roberto Motta
A idéia de que pichações e outras formas de pequena delinqüência estimulam o mau comportamento social acaba de ser testada experimentalmente

Um local coberto de pichações e cheio de lixo faz com que as pessoas se sintam inseguras. E por uma boa razão, de acordo com um grupo de pesquisadores na Holanda. Kees Keizer e seus colegas da Universidade de Groningen deliberadamente criaram ambientes degradados como parte de uma série de experimentos projetados para descobrir se sinais de vandalismo, lixo e pequenos crimes podem mudar o comportamento das pessoas. Eles descobriram que sim, e por uma grande margem: ambientes degradados duplicam o número de pessoas dispostas a sujar as ruas e roubar.

A idéia de que observar desordem pode ter um efeito psicológico nas pessoas não é nova. No fim dos anos 80 George Kelling, um ex-oficial de justiça que agora trabalha na Universidade Rutgers, iniciou uma rigorosa campanha para remover pichações do Metrô de Nova Iorque, o que resultou em uma redução nos crimes menores. A idéia também serviu como base para a “Tolerância Zero” que Rudy Giuliani trouxe mais tarde para as ruas da cidade, ao se tornar prefeito.

Muitas cidades e comunidades no mundo inteiro estão agora tentando controlar comportamentos anti-sociais como forma de deter o crime. Mas a idéia permanece polêmica, dada a dificuldade de se considerar outros fatores que influenciam a criminalidade como mudanças no nível de pobreza, condições de moradia e política penal – incluindo até, de acordo com alguns, a eliminação do chumbo da gasolina. Um teste experimental da “Teoria da Janela Quebrada”, nome dado pelo Dr. Kelling e seu colega James Wilson à sua idéia, vem, portanto, em boa hora. E é isso que o Dr. Keizer e seus colegas fizeram.

O nome da teoria vem da observação de que algumas janelas quebradas em um prédio vazio levam rapidamente a mais vidros estilhaçados, mais vandalismo e, mais tarde, arrombamentos. A tendência das pessoas a se comportar de uma determinada forma pode ser reforçada ou enfraquecida, dependendo do comportamento que elas observam nos outros. Isso não significa que as pessoas irão copiar exatamente o comportamento ruim que estão vendo, passando a mão em uma lata de tinta spray assim que encontram pichações. Na verdade, diz Dr Keizer, observar comportamentos anti-sociais estimula a “violação” de outras normas de comportamento. Foi este efeito que os experimentos, que acabam de ser publicados na revista Science, foram projetados para testar.

A primeira pesquisa foi feita em um beco utilizado para estacionar bicicletas. Como em todos os outros experimentos, os pesquisadores criaram dois ambientes: um de ordem e outro de desordem. No ambiente de ordem, as paredes do beco foram pintadas; no ambiente de desordem, elas foram cobertas com pichações (feias, para evitar que fossem consideradas arte). Em ambos os casos um grande aviso proibindo pichações foi colocado, de forma a ser visto por qualquer passante. Todas as bicicletas estacionadas tiveram um folheto promocional (de uma loja de esportes fictícia) pendurado no guidão. Era necessário remover o folheto antes que a bicicleta pudesse ser usada.

Quando os donos voltaram para pegar suas bicicletas, seu comportamento foi observado. Não havia latas de lixo no beco, portanto os ciclistas tinham três escolhas. Eles poderiam levar o folheto consigo, jogá-lo no chão ou pendurá-lo em outra bicicleta (o que foi considerado pelos pesquisadores como equivalente a jogá-lo no chão). Quando o beco estava pichado, 69% dos ciclistas jogaram folhetos no chão, comparado com 33% quando as paredes estavam limpas. Para evitar uma possível distorção – a de que lixo gera lixo – os pesquisadores removiam rapidamente cada folheto descartado.

Os outros experimentos foram realizados de uma forma similar. Em um deles, uma cerca foi usada para bloquear o acesso a um estacionamento, deixando apenas uma abertura estreita. Dois avisos foram colocados, um informando que a passagem pela abertura era proibida e outro dizendo que bicicletas não deveriam ser presas à cerca. No ambiente de “ordem” (com quatro bicicletas estacionadas, mas nenhuma presa à cerca) 27% das pessoas desobedeceram ao aviso de passagem proibida e utilizaram a abertura para acesso ao estacionamento. No ambiente de “desordem” (com as quatro bicicletas presas à cerca) 82% das pessoas utilizaram a abertura.

Os efeitos não se limitaram à observação visual de pequenos delitos. É contra a lei na Holanda soltar fogos nas semanas que antecedem o Ano Novo. Portanto, duas semanas antes da data os pesquisadores soltaram rojões ao redor de um estacionamento de bicicletas em uma estação ferroviária e observaram os resultados, usando a técnica do folheto promocional. Sem rojões, 48% das pessoas levaram os folhetos consigo, ao pegar suas bicicletas. Com rojões, esse número caiu para 20%.

O resultado mais dramático, entretanto, foi o que mostrou que dobra o número de pessoas dispostas a roubar em uma situação de desordem. Neste caso, um envelope com uma nota de 5 euros (visível através de uma janela de plástico) foi deixado semi-enfiado em uma caixa de correio. Na condição de ordem, 13% dos passantes levaram o envelope (roubo). Mas se a caixa de correio estivesse coberta de pichações, esse número subia para 27%. Mesmo se a caixa não estivesse pichada, mas a área ao redor estivesse suja de papel, cascas de laranja, pontas de cigarro e latas vazias, 25% levariam o envelope.

A conclusão dos pesquisadores é que um exemplo de desordem, como pichações ou sujeira, pode efetivamente estimular outro, como roubo. O Dr. Kelling estava certo. A mensagem para gestores públicos e policiais é que limpar pichações ou coletar lixo imediatamente pode ajudar no combate ao crime.

Hoje - 4 de Dezembro de 2008


Atendendo a Pedidos


Atendendo a inúmeros pedidos de todo o Brasil, segue ai em cima uma imagem do Rio de Janeiro nesse fim de primavera.

Até Que Emfim - Parabéns ao Cel. Milan

Polícia Militar não vai autorizar festa de réveillon em Ipanema


Publicada em 27/11/2008 às 23h36m no Globo Online


Ruben Berta

RIO - O comandante do 23º BPM (Leblon), coronel Carlos Milan, afirmou nesta quinta-feira, durante reunião do Conselho Comunitário de Segurança da Zona Sul, que não vai autorizar a realização da festa de réveillon na orla de Ipanema. Ele disse que enviou relatório ao comando da Polícia Militar e ao Ministério Público estadual relatando uma série de problemas ocorridos no evento do ano passado. O delegado José Alberto Pires Lage, titular da 14ª DP (Leblon) e a associação de moradores do bairro também se manifestaram contra a festa.


- No ano passado, já houve uma série de problemas, tivemos que pedir reforço ao Batalhão de Choque. Se fosse um evento para a família, com o apoio da comunidade, eu autorizaria, mas o que vimos ano passado foi cidadãos tolhidos até no direito de ir e vir - disse Milan. A festa deste ano está programada para ter 12 horas de atrações voltadas para o público jovem, com DJs tocando músicas eletrônicas. Na virada para 2008, um jovem foi morto com um tiro no abdômen, na Avenida Vieira Souto, próximo ao Posto Nove.


Até que enfim. Será que a posição do Cel. Milan vai prevalecer ?


A comemoração já acontece em Copacabana, onde é feita com profissionalismo (geralmente). Em Ipanema o que se viu foram os piores exemplos de sujeira, selvageria, caos urbano e crime (incluindo uma morte). Para refrescar a memória segue uma foto daqueles dias abaixo. Entre outras coisas, camelôs e ambulantes de todos os confins do Rio convergiram para a Vieira Souto, contribuíndo para a sujeira, o perigo (repare no braseiro aceso no calçadão - bem legal, até que seu filho venha correndo e esbarre nele) e a balbúrdia (cerveja e todo o tipo de bebida vendida a cada 5 metros).


Teoria da Tolerância Zero (Broken Windows) comprovada pela Ciência

Pesquisadores da Holanda comprovaram a veracidade da teoria da Tolerância Zero (Broken Windows, em inglês): a de que um ambiente urbano degradado conduz ao aumento da criminalidade.

Essa teoria, popularizada pelo sucesso de Ralph Giulianni à frente da prefeitura de Nova Iorque (redução dos homicídios de 2.000 ao ano - a realidade do Rio de Janeiro de hoje - para menos de 500) nunca havia sido comprovada experimentalmente. Agora foi, através de uma série de experimentos cuidadosamente projetados, sem deixar dúvidas.

A notícia vem de um artigo da The Economist dessa semana: clique aqui para lê-lo (em inglês).

Guardadores de Carros

Há muito quero dizer aqui a verdade sobre guardadores de carros. O Ricardo Linhares, em um artigo de O Dia de hoje, diz tudo o que eu quero dizer. Alguns trechos:

"Flanelinha não é profissão. É atividade de meliante. Essa é uma das faces da desordem urbana..."

"Por que o carioca é tratado com tanta falta de respeito? O prefeito, o Sindicato dos Guardadores de Automóveis, o Tribunal de Contas do Município e a Embrapark trocam acusações, mas nada é resolvido."

Vejam o artigo completo aqui.

Guardadores são achacadores, ponto. Só pagamos porque temos medo, de agressão e de danos ao veículo. Eles não prestam nenhum serviço. É triste ver que existem cariocas esclarecidos que prestigiam guardadores, deixando até as chaves de seus carros com eles (como acontece com frequência no centro da cidade).

A cidade poderia estar ganhando uma fortuna se utilizasse algum sistema sério de cobrança por uso de vagas. Ao invés disso, temos mais uma Máfia achacando os cidadãos.

Blog do Noblat - Estrutura política local dos EUA

Do Blog do Noblat:

O modelo de administração pública, nos Estados Unidos, é substancialmente diverso do brasileiro. A ponto de não permitir comparações cômodas. Diferente do Brasil – com territórios bem definidos em União, Estados e Municípios –, lá temos 51 Estados (considerando Washington DC), 3.034 Condados (Countys), 19.429 entes municipais (divididos em Citys, Towns e Villages), 16.504 distritos municipais (Townships ou Towns), mais 13.506 Escolas Distritais e 35.052 entes específicos de gestão (policia, corpo de bombeiros, bibliotecas).

Esses núcleos se estruturam diferentemente, segundo legislação de cada Estado, a partir da Décima Emenda (à Constituição), levando alguns Estados a sequer ter qualquer governo local, como Alaska (em parte), Conenecticut ou Rhode Island. Lazy Lake, na Flórida, tem 38 habitantes. Nova Yorque, 8 milhões. Difícil de comparar pois as estruturas não são iguais.

Veja o resto aqui

Noblat diz que nossos vereadores são um desperdício de dinheiro publico (cada gabinete de vereador tem 20 funcionários).

Concordo inteiramente. Mas tem coisa pior. Alguém pode me dizer se juiz americano tem carro com motorista pago pelo estado ?

A Ex-Classe Média, artigo do New York Times

David Brooks, do New York Times, diz que a crise que está chegando (e que cada vez mais gente diz que vai ser longa e profunda) vai afetar principalmente aqueles que acabaram de entrar para a classe média - e que logo terão que abandoná-la.

"Essa recessão terá perfil social único. Especificamente, é provavel que produza um grupo social novo: a ex-classe média. São pessoas que atingiram status de classe média no rastro do longo período de prosperidade, e então perderam esse status. Para elas, o fosso entre sua situação atual e onde costumavam estar parecerá largo e desanimador.

Esse fenômeno is percepitivel nos países em desenvolvimeno. Na última década, milhões de pessoas nessas sociedades saíram da pobreza. Mas a recessão global está as empurrando de volta pra baixo. Muitas estão furiosas com a democracia e o capitalismo, que responsabilizam por seus sonhos desfeitos. É possível que a crise produza uma profusão de Hugo Chávez".

Veja o artigo completo aqui.

É aguardar pra vez. Eu não sou adivinho, e mal entendo de economia, mas senti que alguma coisa estava errada quando vi a recepcionista do consutório do médico da minha mãe discutindo os preços das ações da Vale e Petrobrás, o pré-sal e as exportações de minério para a China.

Gestão Pública e Máquina Administrativa - do Ex-Blog do César Maia

Uma excelente matéria (reproduzida aqui em parte) do Ex-Blog do César Maia de hoje.

Ex-Blog do Cesar Maia 14/11/2008
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GESTÃO E ESTRUTURA ADMINISTRATIVA! OS EIXOS VERTICAL E HORIZONTAL!

1. Artigos sobre gestão, em especial do setor público, analisam a dinâmica e as interações entre a capacidade de gestão e a complexidade da estrutura administrativa. Para o entendimento, desenhemos um gráfico onde o eixo vertical representa o índice de capacidade de gestão, de zero a cem, e o eixo horizontal, outro índice de zero a cem, representando a complexidade da estrutura administrativa.

2. Quando se toma a decisão de ampliar a máquina administrativa, com mais órgãos ou serviços e assim se avança ao longo da linha horizontal, deve-se perguntar de que forma a capacidade de gestão, na linha vertical, se comportará. Ou seja, ao se expandir a máquina administrativa deve-se fazê-la aprofundando a capacidade de gestão. Ou não fazer.

3. No setor público pode-se dar de três formas. Duas compulsórias, sejam por demandas de uma população que cresce, sejam por serviços que se fazem necessários pelo bem (defesa ambiental...), ou pelo mal (aumento da criminalidade). A terceira forma é por decisão autônoma do setor público que entende que desta forma prestará melhores serviços à população.

4. Quando não se antecipa a ampliação compulsória da necessidade de mais serviços e com isso não se aprofunda a capacidade de gestão, o índice no eixo horizontal se desloca em direção a 100, mas no eixo vertical se desloca na direção de zero. O ponto de projeção se torna mais próximo de zero no eixo vertical e mais perto de 100 no horizontal. Quando isso ocorre, piora a qualidade dos serviços, diminui a produtividade e aumentam os custos.

5. As crises nas áreas de segurança pública e de saúde no Brasil são exemplos de expansão horizontal sem expansão vertical, reduzindo a capacidade de gestão e tornando crítica a oferta de serviços.

6. De pouco adianta os governos, novos ou antigos, pensarem em mais recursos e mais programas, se não pensarem preliminarmente na complexidade administrativa advinda e na capacidade de gestão correspondente.

Continua a Temporada de Caça em Ipanema

Abaixo o relato de uma de nossas líderes comunitárias, narrando a situação no Posto 8, que já ganha contornos trágicos.

Em menos de 24 horas os freqüentadores do Ipa Bebê, um parquinho freqüentado por bebês e crianças próximo ao Posto 8 de Ipanema, presenciaram 4 assaltos.

Nos dois primeiros, por volta das 8:30h da manhã, dois rapazes na mesma bicicleta, um deles armado, levaram o celular de uma moça e a mochila de uma outra pessoa mais a frente. A moça, de tão desesperada, passou por cima da cerca dos bebês aos prantos e gritando. Assim que cheguei na praia na mesma hora liguei para 190 e descrevi a roupa e o modelo da bicicleta. Para minha "surpresa", eram os mesmos rapazes que eu havia visto na entrada do corredor do Arpoador na semana passada. Estavam com a mesma blusa e a mesma bicicleta. Avisei a dois PMs da delegacia de turistas que passavam pela Joana Angélica.

Logo apos ligar para o batalhão para pedir reforço policial por volta das 10:00h, eu e mais 4 testemunhas vimos um outro rapaz sem camisa, de bicicleta, na calçada entre as pistas, retirando da árvore uma faca e colocando dentro do short. Novamente liguei para 190 e dei todos os detalhes, mas a demora em registrar os meus dados deu a esse individuo a oportunidade de assaltar algum pobre coitado.

Os outros dois assaltos foram os mais comuns cometido contra os turistas. Enquanto eles foram à água, os assaltantes agiram com rapidez e carregaram a bolsa com todos os pertences das vitimas. A petulância de um dos assaltantes foi passar por dentro do parque das crianças para fugir. Como teve dificuldade de passar por entre os brinquedos chegou a cair do calçadão tentando escalar a mureta. Percebi que com a colocação da cabine no final do Arpoador os assaltantes resolveram chegar mais para perto da Joaquim Nabuco para poder fugir pela Francisco Otaviano, ou seguir direto pela Teixeira de Melo.

Com a chegada do final de ano e com tantos turistas, temo por nós moradores e pais que utilizamos esse espaço para o lazer dos nossos filhos. A qualquer momento, se não houver repressão a essa gangue de bicicleta, uma nova tragédia vai aparecer na mídia.

Precisamos de policiais em pontos determinados, como na entrada do Arpoador, na saída da Praça Garota de Ipanema , no corredor da Francisco Otaviano e caminhando entre os postos. Eles esperam os triciclos passarem ou os carrinhos que andam no calçadão darem a volta para poder ter tempo de praticar mais um delito sem serem incomodados

Verão no Rio de Janeiro


Aberta a Temporada de Caça em Ipanema

Na última sexta-feira, ao sair de casa, ao meio dia, me deparei com dois marginais aplicando o golpe do sapato sujo. Um deles, fingindo-se de mendigo, deitado na calçada, sujava o sapato dos passantes. O outro, logo a seguir, oferecia seus serviços de engraxate. Por R$ 50,00.

Isso quase em frente ao Laboratório Lâmina, na Francisco Otaviano. As vítimas eram turistas e idosos.

Graças à indignação de todos que assistiam a cena, à mobilização rápida dos porteiros e moradores e a ação da Polícia Militar, os marginais foram impedidos de continuar o achaque.

Entretanto, como não foi possível prendê-los (eles fugiram correndo), eles devem ter mudado seu lugar de trabalho para alguma outra rua do bairro.

Vamos ficar alertas.

Rio de Janeiro - A cidade mais segura do mundo. Comentário do leitor Marcos Vieira

12 de outubro, dia das crianças, brinquedos novos, almoço em familia cedo, duvidas do que fazer, fomos ver a exposição corpos no museu historico nacional. Alias, excelente exposição. Lotada. Gente por todos os lados, crianças, idosos... Pena que os museus do Rio não vivam isso sempre, porque são excelentes.

Chegamos por volta de 13.20, e a cena caótica de sempre, carros pelas calçadas, flanelinhas disputando motoristas, alguns guardas municipais tentando organizar. Como cheguei cedo, havia um portão fechado e um funcionario do museu (fardado, segurança) dentro. Buzinei. Queria perguntar onde era a entrada do estacionamento para alguem "oficial". Ele abriu o portão e pediu para entrar. Pensou que eu era o amigo de alguem que teria "autorização" para entrar pela saida, onde obvio que "autorização" provavelmente seria a cervejinha amiga ou o café da tarde. Desfeito o engano, entrei numa fila de carros para entrada do estacionamento.

Era o quarto ou quinto da fila, que não andava. Alguns motoristas saiam da rua, e vagas começavam a sobrar, sob a placa de proibido estacionar. Chamei o guarda municipal. A resposta foi educada e clara, se voce estacionar aqui será multado. Eu perguntei, tambem educadamente, todos os carros aqui estacionados serão multados? A resposta foi "Sim. Saimos para almoçar e quando voltamos estava esta bagunça mas estamos tentando arrumar. O PM já brigou um monte com a gente". O "PM" em questão, a uns metros de distancia, estava em pé ao lado da patamo.

Deixei a familia comprando os ingressos e fui estacionar nas ruas do centro próximas. Um flanelinha educado me cobrou 3 reais, paguei com prazer e perguntei se ele ia ficar rico com tanta procura na exposição. A resposta foi clara - "só se eu me esconder dos homens, que passaram aqui de manhã e já me levaram 20 reais. de tarde devem vir com mais vontade".

Ou seja, em menos de 1 hora vivi 3 situações claras de corrupção, falta de ética e descaso.

Por isso costumo dizer que o Rio é a cidade mais segura do mundo. Milhões de habitantes numa cidade sem governo, sem controle e sem policia. A nossa (talvez não devamos generalizar mas a percepção é essa) não tem condições de trabalho e aceita uma cerveja, um café, um convite, recebe dinheiro de um sujeito que não deveria cuidar dos carros... um ciclo vicioso perigoso e dificil. Como um sujeito sem condições, sem equipamentos, pode subir um morro e prender traficantes mais armados, mais ricos, mais preparados que ele?

Mas a vida continua. O Rio é lindo, a cidade é maravilhosa, os cariocas sensacionais. E podemos resolver. Por isso eu sigo morando aqui, e considerando um paraiso. Sem policia (que não temos) e sem governo municipal (precisamos dele de volta) deveria ser muito pior... e não é. Então isso aqui é o paraiso e cabe a nós tentar melhora-lo.

O Rio de Gabeira e de Alexandre Arraes (45010)


Rio de Janeiro, entardecer de Setembro em Ipanema, Morro Dois Irmãos e Pedra da Gávea vistos do Posto 8. Foto de Roberto Motta.

Para Que Servem os Sub-Prefeitos do Rio de Janeiro ?

Vejam abaixo, do Blog do Cesar Maia de hoje. Nada como uma eleição pra trazer a verdade à tona:

Ex-subprefeitos da prefeitura têm dito na TV que fizeram e aconteceram. Tudo mentira. Subprefeito é o nome fantasia que o prefeito do Rio adotou em 1993 para facilitar a identificação pelos cidadãos. São Ouvidores que levam as queixas e reclamações para as secretarias. São nomeados coordenadores de regiões administrativas. Só que sem nenhum orçamento. Não têm um tostão de verba orçamentária. Exatamente porque sua função é ouvir e informar: telefone, e-mail, contato direto. Portanto não podem fazer nem meio metro de meio-fio. Nem eventos podem autorizar sozinhos. Tem que dar o nada a opor e seguir para 3 secretarias e o prefeito.

Ou seja, Sub-Prefeito é apenas mais um cargo sem sentido, mais uma peça em uma organização imensa e burocrática, cuja única finalidade (sempre suspeitou-se) é a de criar exposição pública para futuros candidatos a cargos eletivos.

O Tiro em Ipanema

Ladrão em fuga apavora banhistas no Arpoador

O Globo Online

Mesmo antes do final do inverno, as confusões tipcas de verão já começaram a assustar os cariocas na praia. No Arpoador, uma perseguição a um assaltante levou pânico para os banhistas que aproveitavam o domingo de sol. O foragido Simão Mesquita de Freitas, de 26 anos, foi reconhecido por policiais quando seguia, a pé e desarmado, por volta das 11 hs, pela Avenida Vieira Souto, próximo à esquina com a Rua Joaquim Nabuco, indica reportagem de O Globo.

Quatro policiais participaram da ação e conseguiram imobilizar o fugitivo, que tentou escapar.


Muitos banhistas acreditaram, num primeiro momento, tratar-se de um arrastão, o que fez pais e mães entrarem em desespero. A vendedora ambulante Mariana Pereira disse que um policial fez um disparo no meio da confusão. A mesma versão foi confirmada por dois guardas municipais que atuam no local, mas negada pela PM.


Simão Mesquita de Freitas é foragido do Galpão da Quinta, onde cumpria pena de três anos por roubo a turista na praia.

Isso aconteceu nesse domingo, em frente ao local onde montamos o parquinho infantil do Ipanema Baby, quase da esquina de Vieira Souto com Joaquim Nabuco.

Quando cheguei à praia com minha família, todos comentavam o incidente, e principalmente o tiro, que foi dado para cima por um policial.

Todos entraram em pânico. Muitos buscaram refúgio dentro do Hotel Fasano, o mais caro de Ipanema (e talvez da cidade).

A Busca da Felicidade

Não há nenhuma atitude possível diante do futuro do Brasil que não seja a combinação de um otimismo cauteloso com um ativismo comprometido.

Não estou falando daquele otimismo da infância escolar, quando nos informam que somos ricos em minérios e recursos naturais, e nos damos conta que aqui não há vulcões, terremotos, furacões, e que nossos invernos são quase inexistentes. Falo do otimismo que vem da constatação de que em diversas áreas da vida econômica e científica moderna brasileiros desempenham tão bem quanto qualquer outra nacionalidade.

Construímos empresas de classe mundial, nossos bancos, empresas de telecomunicação e mineradoras são tão boas ou melhores que as outras. Compramos as maiores cervejarias do mundo. Conseguimos fazer bem quase tudo, agora só falta aplicar a mesma energia e talento na construção de um país moderno, civilizado e que nos deixe sonhar com uma vida melhor para os nossos filhos.

Os últimos vinte anos foram uma revolução que muita gente ainda não entendeu. Meus melhores amigos moram (ou já moraram) no exterior. Uma enorme quantidade de brasileiros está lá fora, tomando decisões importantes, gerando riqueza, acumulando experiência sobre como funciona uma nação moderna. Ele voltarão um dia.

E mesmo aqui, estão se formando gerações com acesso à informação e conhecimento nunca antes disponível, graças à internet. Essa geração olha em volta e começa a perguntar porque o pais é governado por pessoas despreparadas para a realidade moderna. Porque o dia-a-dia do brasileiro tem que ser marcado pelo crime, pela burocracia, pela precariedade dos serviços públicos, quando somos tão bons e competentes para fazer negócios.

Aí entra o ativismo comprometido. Está na hora de arregaçar as mangas e dizer NÃO, mas um não diferente, um não que traz debaixo do braço tanto alternativas quanto energia e recursos para desenvolve-las. Os brasileiros têm, hoje, meios para organizar-se e tomar o controle do seu destino como nunca existiram na história desse país (ou da humanidade).

Para que possamos ter direito, como diz a declaração da independência de uma nação onde eu vivi, a "vida, liberdade, e busca da felicidade".

Para que não precisemos mais andar por nossas ruas com mêdo. E para que meus amigos do exterior possam, enfim, voltar.

Política - Mitos e Verdades

Todo político é corrupto. Equivale a dizer que todo eleitor é idiota. O político é como qualquer brasileiro: cumpre as leis na maioria das vezes, exceto quando (1) é do seu interesse não cumprir e (2) ele sabe que a chance de ser pego é pequena. Porque o brasileiro estaciona em lugar proibido, paga propina ao guarda, avança o sinal, joga lixo no chão, e cobra santidade dos representantes que ele mesmo elegeu ? O problema dos políticos não é a corrupção, é o distanciamento da realidade. Isso é problema em todos os países; quem corrige isso é a sociedade. O problema do crime no Brasil não tem jeito. Outro problema que parecia insolúvel foi resolvido há pouco mais de 13 anos: a redução da inflação a níveis civilizados. Os argumentos dos derrotistas eram: "a inflação não vai acabar nunca, pois é assim que os banqueiros ganham dinheiro", "sem a inflação, o governo não vai conseguir fechar suas contas". Em Julho de 1994 foi implantado o Plano Real. Passamos de uma inflação de 2.490% (dois mil quatrocentos e noventa por cento) em 1993, de acordo com o IPC-FIPE, para uma inflação de 2,5% em 2006. Tudo só vai piorar. O Brasil é hoje um país melhor que há vinte anos sob vários aspectos. Nossos dois maiores problemas são uma classe política que não serve ao país e uma população indiferente. Mude-se isso e tudo melhora. Eu não tenho tempo para política, tenho que trabalhar. Quem não gosta de política acaba governado por quem gosta. Os políticos decidem quanto você paga de imposto, quem protege sua família, onde você vai poder morar. Nosso Congresso, Assembléias Legislativas e Câmaras de Vereadores estão dominadas por bandidos porque os cidadãos de bem estão muito ocupados para se envolver com política. Os bandidos, as milícias e as máfias de vans estão investindo muito dinheiro nas campanhas dos seus candidatos. E você, já sabe em quem vai votar ?

O Silêncio dos Homens de Bem

Para Vereador eu escolhi Alexandre Arraes. Pela DESFAVELIZAÇÃO do Rio de Janeiro

Acesse www.arraes45010.can.br As eleições são 5 de Outubro. Vote consciente.




"Pior que os gritos dos bandidos é o silêncio dos homens de bem" Martin Luther King, Jr.

Quem vai nos ajudar ? Nós mesmos

São sete e meia da noite de uma quinta feira de agosto de 2008, no Rio de Janeiro.

Eu brinco com meu filho no chão. Pela minha janela entra uma brisa de inverno. E o ruído de tiros. De fuzil.

Os tiros vêm de um morro, a menos de um quilômetro de minha casa. No morro existem duas favelas. Há pelo menos cinco favelas em Copacabana, onde eu moro. Em todas há indivíduos armados com fuzis , armas de guerra. Todos os moradores de Copacabana estão dentro do seu raio de alcance.

Os tiroteios são rotineiros. Muita gente já se acostumou com o barulho dos tiros, e com as explosões de fogos anunciando a chegada de drogas, que acontecem nas horas mais imprevistas, às oito da noite ou três da manhã.

Os fogos acordam meu filho. Os tiros não me deixam dormir.

Eu não me acostumo. Não posso achar normal. Aqui é Copacabana, Ipanema é logo ali. Se isso acontece aqui – na vitrine do Brasil – o que acontece no resto da cidade, no resto do país ?

Cansei de reclamar. Morei muito tempo fora, em um país onde os cidadãos se mobilizam para fazer valer seus direitos. Resolvi fazer o mesmo por aqui. Me envolvi com um grupo que luta por segurança na cidade. Criei um blog (seispormeiaduzia.blogspot.com). Iniciei um movimento contra o crime (www.rigorcontraocrime.com.br). Ajudei a criar um espaço seguro para crianças na praia de Ipanema (o Ipanema Baby, em frente à Joaquim Nabuco). Me juntei a outros moradores na luta contra a ida da Help para o prédio do Bingo Arpoador, pela melhoria das praças N.Sra. da Paz e Garota de Ipanema, contra os camelôs que loteiam a Visconde de Pirajá. Pelo fim dos assaltos que nos esperam em cada sinal. Para que os ônibus deixem de ser carroças montadas em chassis de caminhão, dirigidas em alta velocidade.

Quem me conhece, sabe o que eu penso: que somos, em grande parte, responsáveis por tudo isso. Em primeiro lugar, pela nossa indiferença. Em segundo, por escolher administradores públicos incapazes (na melhor das hipóteses). Mas sempre podemos mudar. Teremos eleições em Outubro.

Eu vou votar em Alexandre Arraes, que é candidato a vereador (45010), e vê o Rio da mesma forma que eu vejo. Arraes é médico e administrador, morador do Humaitá, não é ligado a nenhum grupo político, e faz uma campanha modesta. Meu compromisso com ele transcende a campanha: se ele for eleito, vou trabalhar com ele, articulando a reação dos cidadãos de bem do Rio de Janeiro contra o crime e o caos. Para que a geração dos nossos filhos receba uma cidade melhor.

Arraes defende a (re)organização da cidade, e prova que existem recursos e instrumentos para isso. Para saber mais sobre ele, clique em http://www.arraes45010.can.br/

Um voto a cada quatro anos não resolve tudo. É preciso mobilização permanente.

Mas ignorar a política é pior. Quem não gosta de política acaba governado por quem gosta.

O Rio Real - até que façamos alguma coisa

Segue abaixo o email que recebi do meu amigo Alexandre Arraes. Arraes é colega de escola e candidato a vereador nas próximas eleições. Sua plataforma é Desfavelização, sobre o que falarei depois. Leiam com atenção.

"O Rio real não é o que vivemos nem o que a mídia nos permite conhecer. Para conhecê-lo é necessário ter estômago, arregaçar as mangas e conhecer de perto lugares como o Jacarezinho.

Em pleno dia de trabalho milhares e milhares de pessoas concentradas em vielas fazendo nada. Motos com traficantes, com seus fuzis e submetralhadoreas à mostra, buzinando pelo caminho dos pedestres, caminhos estreitos e valas com pessoas e motos disputando espaços. Na "praça", uma clareira de mais ou menos 60m2, traficantes deitados com suas armas ao lado, enquanto crianças jogam uma bola de plástico e num canto um corpo jaz enrolado coberto por um saco plástico preto. Tudo na maior naturalidade como se fosse a cena mais comum da vida daquelas pessoas. O pior é que é comum mesmo.

A menos de 200 metros, encravado no coração da favela, um posto policial com viatura na porta.

Realidade é sobrevoar a zona sul do Rio e ver que em breve teremos o complexo da zona sul pois as favelas estão se interligando. A cada dia um novo bairro é tomado e uma nova rua passa a ser rota de traficante. A última foi a rua Sacopã, por onde sobem e descem carros com homens armados e caminhões de material de construção que alimentam a favelização em plena luz do dia.


Sacopã onde fuzilaram dois policiais apenas para roubar suas armas.Antes já foram levadas a Nascimento Silva inclusive o número 107, a Sá Ferreira e Souza Lima, A Farme e Teixeira, A Siqueira, Santa Clara, a Constante Ramos, a das Palmeiras a da Matriz, a Marques de São Vicente(alto) São Conrado, Laranjeiras, Pereira da Silva, Cosme Velho, o Leme inteiro.

Em breve tudo será uma coisa só: o Complexo da Zona Sul"

Taxa de Homicidios - The Economist, semana passada



Uma Visão da Evolução do Rio de Janeiro, por César Maia

Interessante análise do Prefeito César Maia em seu blog de hoje.

Ex-Blog do Cesar Maia 01/08/2008
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AS PERIGOSAS RELAÇÕES POLÍTICAS ENTRE O ESTADO DO RIO E A GUANABARA!

1. O Distrito Federal era naturalmente uma poderosa unidade da Federação. Sede do governo, das forças armadas, centro político, diplomático e cultural do país, com recursos financeiros ilimitados dentro do orçamento da União além de seus próprios tributos. A transferência da capital criou um novo estado: o Estado da Guanabara. A Guanabara somava nas suas receitas as receitas municipais e as estaduais. Mesmo deixando de ser parte do orçamento da União e perdendo progressivamente a máquina pública federal, que produzia uma forte demanda interna com recursos federais, o novo Estado passou a ser o mais poderoso estado brasileiro em suas receitas próprias per capita, superior a SP, especialmente depois da reforma tributária de 1965 com a criação do ICM que somado ao ISS, lhe dava pujança tributária inigualável.

2. Para se ter uma idéia, se hoje 100% do ICMS gerado no Rio-Capital pertencesse a Prefeitura, sua receita total mais que dobraria. Isso para não falar nos demais tributos e transferências constitucionais. Com a fusão, a Prefeitura do Rio perdeu boa parte de suas receitas. Mas mesmo assim manteve-se financeiramente poderosa. Os governos estaduais através de leis sucessivas foram reduzindo a parte do ICMS (25% de 25%), redistribuída aos municípios por critérios definidos em lei estadual. Até que em 1996 o governo do estado reduziu à zero -isso, a ZERO- o que cabia a Capital.

3. Ano passado o STF decidiu pela inconstitucionalidade desta lei, mas o atual governo do Estado insiste em não cumprir a decisão do STF apondo embargos em cima de embargos. O salário-educação nunca foi transferido à prefeitura do Rio. Para que isso ocorresse foi necessário que um deputado do DEM aprovasse uma lei garantindo a transferência direta, numa sessão, em obstrução, 3 anos atrás.

4. Durante todo o período em que os prefeitos da Capital eram nomeados pelos governadores, estes "assaltaram" o Tesouro Municipal, a começar em 1975 onde grande parte dos serviços de educação e saúde que seriam do Estado, como em SP e MG, foram atribuídos à prefeitura do Rio. O prefeito Tamoio em carta oficial ao governador protestou dizendo que com isso ele recebia uma prefeitura quebrada.

5. Os demais governadores deram curso à "espoliação" do município através de seus prefeitos da capital nomeados por eles na forma estabelecida pelo regime militar. Em 1985 o prefeito da capital passou a ser eleito diretamente. A prefeitura ganhou autonomia. Mas estava literalmente quebrada, espoliada. O governo do prefeito Saturnino terminou literalmente no meio fio, com lixo sem recolher e salários atrasados por seis meses.

6. A Constituição de 1988 redistribuiu recursos a favor dos municípios e deu a eles o caráter de entes federados. Os prefeitos que geriram bem essas novas possibilidades deram a seus municípios uma outra condição pelo Brasil afora. Essa nova situação esbugalhou os olhos dos governadores do Estado do Rio, e avançaram outra vez em direção aos cofres da prefeitura do Rio, o que terminou produzindo a ruptura entre o prefeito Alencar e o governador, já antes da eleição de 1992.

7. Depois da fusão, o novo Estado do RJ por incapacidade de seus governantes foi perdendo vigor financeiro e desintegrando a máquina pública. Resistiram enquanto poderiam invadir as finanças da Capital. Mas quando a Cidade do Rio ganhou sua carta de alforria, esse truque terminou e o Governo do Estado foi entrando numa crise crescente e deprimente.

8. O eleitor carioca sabiamente nunca mais permitiu que o prefeito da Capital fosse um sabujo do governador depois da falência do governo Saturnino. Votou sempre contra os candidatos dos governadores daí para frente, a partir do conflito com o prefeito Alencar. Os servidores municipais sabem os riscos que correm. Seu liquido fundo de pensão, não pode ser assaltado. Os fornecedores sabem a diferença que existe entre os procedimentos do Estado e da Prefeitura. E porque não dizer: os tribunais também o sabem.

O Jogo da Política

Quando cidadãos comuns têm a chance de fazer perguntas a líderes políticos, eles raramente perguntam sobre o jogo da política. O que eles querem saber é como a realidade da política vai afetá-los - através de impostos, programas, verbas para educação, guerras.

James Fallows, editor da The Atlantic Magazine, Fevereiro de 1996.

Nossos políticos ganhariam muto prestando atenção no parágrafo acima. Inclusive nosso prefeito César Maia, que gasta boa parte da sua newsletter ex-Blog falando do puro jogo da política.

Milícias

Abaixo segue um trecho da newsletter ex-Blog do prefeito César Maia de hoje, que fala sobre segurança pública. Maia, como todos os administradores públicos e políticos, às vezes acerta, às vezes erra. No início de sua carreira como prefeito do Rio talvez tenha acertado mais do que errado; hoje talvez a situação seja diferente.

Nesse trecho do Blog ele apresenta uma análise interessante do problema das chamadas milícias na cidade do Rio de Janeiro.

PRIVATIZAÇÃO DA SEGURANÇA PÚBLICA!

1. As chamadas "milícias" são um ponto extremo da privatização da segurança pública. Mesmo diferenciando-as da polícia "mineira" que tem outra origem, método, e se aproxima mais dos casos recentemente noticiados no Rio, elas têm características limites e extremas da forma de atuação de tantas seguranças privadas registradas. Uma diferença é a forma de financiamento, onde a segurança privada é assalariada e as "milícias" se autofinanciam pelos esquemas conhecidos (pedágio, kombis, TV a cabo, permissões...).

2. Aliás -curiosamente- as AutoDefesas -milícias colombianas- tinham seus grupos nas comunidades/favelas, controlando a área e recebendo salário da direção regional das AUC a que pertenciam: não se autofinanciavam no local. Há muitas décadas, no Rio, antes mesmo do narcotráfico, que em alguns bairros a segurança do comércio é feita informalmente por policiais. Nesses casos são de fato "milícias", só que organizadas por iniciativa -externa- e pagas de forma assalariada.

4. Praticamente todas as empresas registradas de segurança privada, ditas de vigilância, precisam contar com policiais da ativa em seus serviços, os quais são pagos por caixa 2. Esses policiais são imprescindíveis, seja pelo contato direto que conseguem com as delegacias e batalhões, seja pela atualização, seja pela informação que tem acesso, etc... Mas -de fato- constituem uma categoria de "milicianos" dentro de uma empresa registrada.

5. No artigo -Raízes da Insegurança Pública no RJ- o coronel PM Antonio Carlos Carballo Blanco trata desta questão geral. Diz que "está em curso no RJ um processo de privatização da segurança pública... ou financiamento privado das atividades de segurança pública". Aponta o fracasso sistemático das políticas de segurança pública como as raízes desse problema.

6. Lembra que o trabalho paralelo, de qualquer tipo, prejudica o trabalho oficial do policial no dia seguinte. E diz: “O aumento da carga extraordinária do trabalho policial, mediante o exercício ilegal e clandestino das atividades de segurança... cria os seguintes problemas para a segurança pública: 1) estresse, cansaço, fadiga física e mental, com grave comprometimento das funções fisiológicas; 2) ausência de mecanismos institucionais e de ferramentas gerenciais de controle de tais atividades clandestinas; 3) ausência de cobertura oficial do sistema de previdência; 4) subversão da hierarquia e da disciplina; 5) construção de uma cultura de privilégios na alocação de recursos destinados ao policiamento ostensivo; 6) venda de proteção em troca da contratação de serviços de segurança privada; 7) formação de ‘milícias’.

7. É bom que se repita isso: as "milícias" e "milicianos”, de qualquer tipo, têm como origem o fracasso da segurança pública. Ou seja: reprimi-las é ao mesmo tempo reestruturar internamente a segurança pública. Elas são um bom indicador do fracasso desta.
Meus amigos sabem que sou apaixonado pelo Rio de Janeiro.

Não nasci no Rio. Só vim morar aqui em 1973, aos 11 anos. No início, estranhei. Vinha de Salvador, que, na época, era quase uma cidade do interior. Aqui havia muito carro, as calçadas eram de pedras portuguesas, sem um pedacinho sequer descoberto (em Salvador havia mais barro e mato que calçadas). A água do mar era gelada. No primeiro mês um moleque passou correndo e tomou da minha mão um cruzeiro que eu levava para comprar uma revista em quadrinhos (lição aprendida: deste então o dinheiro só anda na mão bem fechada).

O choque da beleza do Rio veio aos poucos, em imagens que levei tempo até conseguir juntar na minha cabeça. A saída do Túnel do Joá por cima do canal do quebra-mar, em um dia de mar e céu azuis. A estrada das Canoas, cortando a floresta. O lugar -comum do Pão-de-Açucar, que é tudo menos lugar comum. A entrada da Baía de Guanabara, vista de um barco.

Esta não é a única cidade linda do mundo (tem Aspen, San Francisco, Paris).

Mas é a minha.

(vejam a foto lá em cima e entendam o que eu digo).

Gabeira, Finalmente

Em meados dos anos 80 eu li um livro que mudou a minha vida.

Eu estava na faculdade, tinha quase vinte anos, muitas idéias na cabeça e a confusão da primeira geração a chegar à maioridade no fim do período da ditadura.

As coisas que hoje eu sei, naquele tempo ainda não eram claras. E de repente eu lia a história daquela vida fantástica, tão diferente da minha, cheia de aventura, ousadia, experimentação. E coragem.

O livro era O Que É Isso, Companheiro ?, do Fernando Gabeira.

Depois li O Crepúsculo do Macho, veio a estória da tanga de crochê, e eu acompanhei à distância a história daquele cara verdadeiro, que dizia o que pensava, fazia o que acreditava ser correto, que antecipou tantas tendências e verdades.

Aí, anos depois, veio o dedo na cara do Severino. O dedo que o Brasil não teve coragem de colocar. Foi preciso que o Gabeira o fizesse. Veja aí embaixo.



Outro dia o conheci pessoalmente, fala mansa, jeito de quem vive em paz, pensando na humanidade. Um cara do bem, essencialmente. Além de fã virei amigo instantâneo.

Vou votar nele. Vou trabalhar para elegê-lo. Gabeira representa o que o Brasil tem de melhor; é alertar ao motorista do lado que a porta dele está aberta, é pegar o lixo que alguém jogou na praia, é assumir uma tarefa não porque dá dinheiro ou prestígio mas porque alguém tem que fazê-la. É ser corajoso e eficiente sem deixar de ser gentil.

Como ele disse na entrevista para a Veja, em 2006, respondendo ao repórter que perguntava o que havia restado de suas convicções, depois da decepção com a esquerda no poder.

“A decisão de me apoiar em alguns princípios de atuação: a democracia... a defesa dos direitos humanos, da consciência ecológica e, finalmente, da justiça social. E caminhando por aí eu acho que posso fazer alguma coisa. Não é mais uma grande revolução, com o esplendor daqueles tempos...quando eu era jovem, queria morrer pela revolução. Agora, quero viver para transformar um pouco as coisas. Sem grandiosidade, sem melodrama. Com pequenas ações, apenas”.

E para comemorar o fato de que ainda temos brasileiros como ele, clique aqui para baixar o deliciosamente zen funk do Gabeira.

Clique aqui para a versão ringtone para Iphone (depois use o iTunes pra jogar dentro do aparelho).

Política e Administração Pública não são a mesma coisa

Em um artigo da revista The Atlantic Magazine de setembro do ano passado (The Rove Presidency), Joshua Green conta a estória de Karl Rove, marketeiro e estrategista político das campanhas de Bush Junior, e depois eminência parda de sua administração.

Ao final, analisando as causas do total fracasso dos dois mandatos presidenciais de Bush, ele faz uma observação que merece ser lida por todos que se interessam por política, e em especial pelos candidatos a prefeito nas eleições do final deste ano:

"Porque tantas pessoas avaliaram Rove tão mal (achando que ele sabia governar) ? Uma razão é que ele era ótimo em ganhar eleições... Uma consequência do Culto ao Marketeiro é a crença de que ganhar uma eleição - especialmente uma eleição dificil, que achavam que você perderia - é prova de capacidade de governar. Mas são duas atividades completamente distintas".

Esse ano tem eleições municipais

O gráfico acima mostra as percentagens de vereadores da nossa Câmara Municipal que foram eleitos pelos setor formal e informal da sociedade carioca.

A notícia do jornal abaixo representa tanto uma explicação do gráfico quanto um lembrete aos cariocas da importância das eleições municipais que se realizarão em outubro deste ano.










Nas margens da Lagoa haviam favelas

Mais uma foto da antiga favela da Catacumba.

O Mito Número 1

Existia na Lagoa, nos idos dos anos 60, a favela da Catacumba. A foto mostra o Parque da Catacumba, nos dias de hoje.

A favela foi removida e toda a área restaurada e entregue de volta ao público. É, provavelmente, o parque público mais bem cuidado do Rio de Janeiro, e sede da Sub-Prefeitura da Zona Sul.

Muitos são os mitos criados em torno do assunto favelização, mas talvez o maior deles é que não há solução para as favelas.

O exemplo da favela da Catacumba nos dá a oportunidade de exercitar nossa imaginação e bom-senso. Em vez de nos perguntarmos "será possível acabar com a favela XYZ ?", poderíamos perguntar "como seria o Rio de Janeiro, hoje, com a favela da Catacumba na beira da pista da Lagoa ?"


Por onde se começa a melhorar o mundo ?

"A finalidade da vida não é ser feliz. É ser útil, ser honrado, ter compaixão, é ter feito diferença o fato de você ter vivido, e vivido bem".
Ralph Waldo Emerson



Por onde se começa a melhorar o mundo ?

Talvez pela esquina, onde há uma falha nas pedras da calçada que representa perigo para crianças e idosos. Todos passam e ninguém vê. Ou vêem e não fazem nada.

Ou pela política internacional, pressionando, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha a assinarem o tratado banindo as bombas cluster, ou as minas terrestres.

Por onde começar a melhorar o mundo que vou deixar para o meu filho ?

A cidade é grande, os problemas são maiores. Os jornais e a TV nos lembram todo dia que nossos esforços são inúteis, e que continua-se roubando, extraviando, sujando, atropelando. Há tantas leis, regras, regulamentos, tantos impostos. Todo o fim de mês as contas se empilham sobre a mesa. Meu amigo Jacques me diz: "já começo o mês devendo tantos mil reais". Saímos cedo e voltamos tarde, o sono atrasa, não há tempo para nada. A vida passa.

Muitos dos meus amigos foram embora do Brasil, eu fui e voltei. Ninguém consegue fugir da própria vida. No tempo em que fiquei lá fora vi que as coisas não precisam ser assim, vi que é possível outro caminho. Vi que esse caminho não depende de nenhuma revolução, de nenhum líder brilhante, nem de ministros, nem de planos, nem mesmo de eleições proporcionais ou majoritárias.

Esse caminho depende apenas da resposta que damos, como pessoas e cidadãos, à pergunta que ouvimos faz muito tempo.

Talvez seja necessário ficar em um quarto silencioso para escutar a resposta.

Como eu faço agora, enquanto olho meu filho dormindo.

Vamos Reagir ?

Nenhum pobre fica rico.

O pobre vira classe média. Depois, talvez, (com sorte ou muito trabalho) ele possa ficar rico.

O que é ser classe média ? É ter condições de desfrutar a maioria das vantagens e conveniências da civilização moderna, sem exagero, ostentação ou desperdício.

É morar em uma casa decente, em um lugar razoável, ter seus filhos na escola, ter condições de cuidar da sáude e uma reserva financeira para emergências. Ter viajado pelo menos uma vez ao exterior. Ter televisão, geladeira, dvd, computador. Talvez um carro.

A classe média fornece a maioria dos trabalhadores de nível superior do país, e uma boa parte dos de nível médio. São médicos, advogados, professores, engenheiros, funcionários públicos, pequenos empresários. São carpinteiros, eletricistas, motoristas de táxi, guias de turismo, instrumentadores cirúrgicos.

Nas zonas urbanas das grandes cidades a classe média é o grupo mais instruído, educado, informado. O cidadão brasileiro de classe média, de uma forma geral, não quer ficar rico. Ele busca apenas progresso, segurança e tranquilidade, para viver e cuidar da sua família.

Mas a classe média é hoje um grupo envergonhado de existir. Criou-se no Brasil um culto à miséria, sustentado por uma visão distorcida do que é políticamente correto.

Essa indústria do "miséria é lindo" se baseia em alguns mandamentos:

1. A maioria da população brasileira é miserável
2. A principal função do governo é cuidar - ser o "pai" - dos pobres
3. A pobreza é licença e desculpa para tudo
4. Quem não é pobre, ou é ladrão ou corrupto.

Esses mandamentos explicam muita coisa. Nossas cidades são o caos que conhecemos porque, coitadinhos, deixa o pessoal dormir na calçada, construir a favelinha debaixo do viaduto, vender bala no sinal, ocupar a calçada com barracas de camelô. Eles são pobres. É melhor que roubar.

Qual o problema da carga tributária ? Pobre não paga imposto ! (paga sim, embutido em tudo o que consomem, mas quem é que sabe disso ?)

Coitada da classe média, que cometeu o pecado capital de ter acumulado algum capital e comprado seu apartamento na Tijuca ou na Barra. O que tem demais a favela em cima do morro ou ao longo do canal ? Qual o problema de um tiroteio ou dois por mês ?

Por semana ?

Por dia ?

Como é possível o grupo mais educado e bem preparado de um país, do qual sai a maioria dos seus líderes, e que é responsável pela geração da renda que sustenta as outras classes, viver acuado, ameaçado, com mêdo ?

Onde estão nossos representantes ? Existe algum político que tenha a coragem de dizer que representa a classe média brasileira ?

Vamos reagir a isso ?

Ou vamos, todos, ter que passar pelo que passaram há duas semanas os moradores do Leme, um dos bairros nobres da Zona Sul do Rio de Janeiro, encurralados entre o fogo pesado de fuzis e granadas em frente às suas janelas e a indiferença de representantes dos três poderes ?

O Que a Prefeitura Pode Fazer Pela Segurança Pública

Leia, imprima, envie por email, passe adiante.

O Bem e o Mal

O brasileiro é maniqueísta.

O maniqueísmo é uma visão dualista radical, segundo a qual o mundo está dividido em duas forças: o Bem e o Mal, e se origina em uma religião criada pelo profeta persa Mani.

Para o brasileiro, ou o político é um santo (Getúlio Vargas, Juscelino, Lula) e nunca pode fazer nada de errado, ou é um corrupto total, um vendilhão do povo, e nada do que ele diz ou faz presta.

A realidade, claro, é que, como qualquer pessoa normal, os políticos às vezes acertam, às vezes erram. Mas o fundamental é que, em um regime democrático como o nosso, os políticos são eleitos como representantes de grupos e interesses da sociedade.

E esses intereses, legítimos ou não, são os que eles defendem.

Os grupos mais organizados são os que têm melhor representação. Os que não se interessam por política ficam esquecidos. É o caso da classe média. Todo mundo sabe que a classe média brasileira tem nojo de política.

Por isso a maioria dos políticos não defende os interesses da classe média. Por isso a maioria dos nossos representantes estaduais e municipais prefere defender as cooperativas de van, as empresas de ônibus, as milícias. Porque foram eleitos por elas.

Porque a classe média acordou no dia da eleição sem saber em quem ia votar. E por isso não conseguiu eleger nenhum representante. Voltou, então, para casa derrotada, e foi se recolher ao quarto dos fundos, e rezar diante do oratório dedicado aos santos políticos do passado.

Essa Cidade é Minha


Morro Dois Irmãos visto da praia de Ipanema.

Um Estado Grande Demais

O Estado brasileiro é grande demais. A máquina administrativa tem funcionários em excesso, e virou um fim em si mesmo. Toda a classe política se beneficia disso, por isso a mudança é muito dificil.
Os vereadores do Rio de Janeiro tem um gabinete com 20 funcionários.
Vinte !
Enquanto isso, um jovem cheio de idéias e energia enfrenta uma via crucis para abrir uma empresa. Depois fica obrigado a pagar, no mínimo, 17% de impostos sobre o seu faturamento. Depois, se desistir, vai levar no mínimo dois anos para conseguir fechar a empresa.
Mas está tudo bem, porque a maioria dos brasileiros acha que todo o empresário é safado e que o lucro é uma coisa nojenta.
Acontece que quem entrega a pizza de noite na sua casa é um empresário. Quem lhe vende remédios, comida e diversão também. Já imaginou como seria uma padaria estatal ? Você teria que chegar às 6 da manhã para pegar uma senha e conseguir um pão.
A iniciativa individual é que gera o progresso. Um taxista é um empresário, o dono de uma banca de revistas também. Eles arriscam sua segurança e seu patrimônio em um negócio, e o salário deles é o lucro. O jovem que sai da universidade e abre uma empresa de informática poderia criar, aqui no Rio, o Google de amanhã, gerar milhares de empregos, pagar inúmeros salários, revitalizar uma área da cidade.
Mas nossos jovens estão mesmo interessados em concursos públicos para fiscal, ou para uma estatal sonolenta qualquer. Por isso o Rio some devagar do mapa econômico do Brasil. Meus melhores amigos foram embora, para São Paulo ou Estados Unidos.
Eu fiquei aqui, pregando no deserto, repetindo que o rei está nu.
O Estado brasileiro é grande mais. Precisamos de menos governo. Menos ministros. Menos secretários. Menos, muito menos fiscais.
A vida é risco. Precisamos assumir os riscos de construir um país onde nossos filhos terão uma vida melhor que a nossa.
Vamos começar diminuindo o tamanho e o apetite do Estado. Agora. Já.
As eleições municipais vêm aí. Você se lembra em que vereador votou nas últimas eleições ?

Para Que Serve A Câmara

Para quem ainda não conhece a qualidade dos nossos representantes legislativos municipais, vale a pena saber mais um pouco sobre o absurdo tratamento que está sendo dado ao projeto de lei que reduz o ISS sobre as empresas de informática do Rio.

Veja no site da Alice Ramos: http://www.aliceramos.com/view.asp?materia=1388

E não esqueça: nas próximas eleições, faça com que um vereador picareta fique desempregado.

O Cabeção Gosta de Política

Porque, no Brasil, as melhores mentes estão na iniciativa privada ?

Essa foi a pergunta que fiz a um amigo de escola, hoje empresário bem-sucedido do mercado financeiro.

Em que momento do passado minha geração fez a opção de considerar o trabalho no setor público como segunda - segunda não, última - opção ?

Nos Estados Unidos é comum homens de negócio bem sucedidos, após acumularem fortunas, dedicarem suas vidas ao serviço da sociedade. No Brasil, na maioria dos casos, nossos destinos são decididos por administradores públicos despreparados.

Porquê ?

Alguns anos atrás fui a uma reunião na casa de um amigo, que se candidatava pela primeira vez a um cargo eletivo. Fui a contragosto, evidente. Brasileiro não gosta de política, política é coisa suja, coisa de bandidos.

Fiquei lá calado, observando as discussões. No meio do grupo se destacava um rapaz mal vestido, de cabeça grande, barba por fazer e despenteado. Falava muita bobagem, mas falava. Dizia besteiras, mas dizia com energia e ênfase, e acabava dominando a discussão. Eu pensei em intervir, em explicar como ele estava errado, mas deu preguiça. Você sabe, política é coisa de desocupados, de gente que não consegue emprego.

O rapaz do cabeção falava sem parar. Do seu diretório estudantil. De como conseguir votos. Do que as classes mais pobres pensam.

Aí então eu me dei conta: daqui a alguns anos o cabeção vai estar em algum cargo público, apenas pela insistência, apenas por estar em reuniões como essas.

O cabeção vai mandar na minha cidade. O cabeção vai fazer leis que vão mexer com a minha vida.

Enquanto nós, os cérebros brilhantes, educados e cultos, continuamos com nossas ocupações nobres e lucrativas, os cabeções do mundo decidem nossos impostos, nossa segurança, nossa saúde.

Pensem nisso enquanto as eleições municipais se aproximam.

Pensem nos cabeções.

Ainda dá tempo.

Quem não gosta de política está condenado a ser governado por quem gosta.

Você não gosta de política ? Que pena. O cabeção gosta.

Onde Estão Eles ?

Onde estão nossos representantes eleitos quando nossa cidade afunda na violência ?

Quantas vezes você viu ou ouviu falar de um vereador se dirigir a uma delegacia de polícia para acompanhar a apuração de um crime ?

Quantas vezes um deputado estadual exigir da polícia a eliminação das áreas controladas pelo terror do tráfico ?

Não vou nem perguntar sobre o Prefeito.

Nas ultimas semanas uma onda de assaltos violentos varreu a Fonte da Saudade, bairro tradicional da Zona Sul do Rio de Janeiro.

Nenhuma palavra na Câmara Municipal. Nenhuma palavra na Assembléia Legislativa.

Não vou falar do Prefeito.

Na semana passada o bairro do Leme virou zona sitiada pelos bandidos do Morro do Chapéu Mangueira.

Nenhum dos nossos representantes apareceu por lá. De nenhum partido.

Porquê ?

O Mal



Por alguma razão esquisita, inexplicável, no Brasil temos dificuldade em aceitar a existência do mal.

Talvez seja resultado do tempo em que vivemos sob a ditadura militar, com seus poderes de condenar, sem possibilidade de recurso, quem a contrariasse. Talvez seja o mesmo princípio que leva nossa sociedade a considerar o criminoso como "coitadinho", como alguém que foi "levado ao crime". A culpa não é dele, é da sociedade, é de todos nós.

E no entanto, e apesar de fecharmos os olhos, o fato é que o mal existe. É a classificação absoluta, irrecorrível, do comportamento de seres humanos transformados por minutos, dias ou anos, em bestas-feras.

De nada adianta nosso arrazoado políticamente correto quando lidamos contra o mal. O mal absoluto exige uma resposta absoluta. O mal absoluto não tem recuperação: ele pode ser combatido, trancafiado, isolado, destruído. Mas não poderá, jamais, ser convertido em nada bom.

Essa é uma lição que a humanidade já deveria ter aprendido há muito tempo, depois de hitler e stalin, depois do massacre de 323 crianças na escola da cidade Russa de Beslan.

Essa é uma lição que os brasileiros já deveriam ter aprendido há muito tempo, convivendo, como nós convivemos, com o mal debaixo de nossas janelas, em cima dos nossos morros.

O combate ao mal exige coragem. Coragem física, envolvendo coisas desagradáveis aos homens de bem: armas, violência, prisões. E coragem moral, quando é necessário dar nome aos bois, acusar, e condenar com rigor.

No Brasil temos o primeiro, mas não o segundo tipo de coragem.

Não importa que tipo de crime violento e obsceno seja cometido, o criminoso sempre será considerado "recuperável". Ele nunca ficará mais que 30 anos preso, sendo libertado, frequentemente, após cumprir pouco mais de um quinto de sua pena.

E voltando ao meio da sociedade. Ao convívio da minha família. Podendo, com seu passado apagado, trabalhar como professor primário, como atendente de creche, como médico, como advogado.

Não importa o crime, obsceno e violento, que ele tenha cometido.

Ele nunca ficará preso mais que alguns anos. Depois sairá - não importa o crime que tenha cometido - um homem livre, sem passado.

Lembrem-se disso quando estiverem assistindo ao circo que a mídia montou ao redor da selvageria sem nome cometida contra a garota de São Paulo, Isabela Nardoni.

Eu gostaria que nossos legisladores e juízes viessem à público explicar porque consideram que o autor de um crime como esse (seja quem for) pode ser "recuperado" e "reintegrado à sociedade".

30 anos, no máximo.

Quase nunca mais que 5 ou 10.

Não importa o crime.

Reclamar não adianta nada - ou adianta ?

Para ver o que acontece quando os cidadãos se cansam de ver absurdos debaixo de seu nariz e resolvem agir com inteligência e determinação, veja esse post do Projeto de Segurança de Ipanema.

Cimento Social - Você sabe o que é clientelismo ?

Clientelismo é a utilização dos órgãos da administração pública com a finalidade de prestar serviços para alguns privilegiados em detrimento da grande maioria da população, através de intermediários, que podem ser afiliados políticos, prefeitos, vereadores, servidores públicos, deputados, secretários e pessoas influentes.

O clientelismo tem a finalidade de amarrar politicamente o beneficiado. Os intermediários de favores, prestados às custas dos cofres públicos, são os chamados clientelistas, despachantes de luxo ou traficantes de influências. O grande objetivo dos intermediários é o voto do beneficiado ou dinheiro.

O clentelismo vai desde a bica d'água do governo Chagas Freitas até o almoço a 1 real da inesquecível governadora cor-de-rosa.

Assistam ao vídeo abaixo. Mobilizem-se para salvar o Rio.

Arnaldo Jabor - O homem versus o mosquito - O Globo - 25/3/2008

O Rio é uma calamidade urgente que tem de ser assumida.

Não interessa saber se a dengue é uma epidemia ou não. A dengue é apenas a forma microbiológica que expõe o caos geral da administração do Rio. Os vírus proliferam pelo mesmo fertilizante que estimula a corrupção, a violência, a vergonha burocrática. A verdadeira epidemia é a administração da cidade que já atinge um grau de gravidade talvez irreversível.

Vivemos no Rio (oh leitores de outros estados!...) a sensação permanente do Insolúvel. Já temos a dengue, a febre amarela; um dia chegaremos à perfeição da varíola. Mas muitos sintomas eclodem alem da dengue: depressão, miséria, violência, ignorância. A própria crise psicótica do Cesar Maia também é um sintoma. Ele, que pareceu um exemplo de pragmatismo para quebrar a cadeia do populismo, entrou em catatonia, em paralisia mental, e não fala mais. Diante do Insolúvel, ele emite ruídos de e-mail como um robô quebrado.

O Rio de hoje é o filho defeituoso que a ditadura militar criou, pela fusão com o Estado fluminense, a estratégia "geiseliana" de afastar o MDB de uma possível vitória na política nacional em 75.

A des-fusão dos dois estados e a volta da Guanabara é um tema que surgiu, fervilhou e esfriou de novo, como tudo aqui. Seria uma utopia? Na Prefeitura, na Câmara Municipal, assembléias, repartições, vemos a cenografia e figurinos de nossa desgraça.

Estamos salpicados de favelas, de onde descem hordas de assaltantes para pescar cidadãos como num parque temático, somos governados por populistas de direita há décadas. Nosso melhor governador ("prefeito" do Estado da Guanabara) foi o Carlos Lacerda. Homem inteligente e competente - o ódio máximo de minha juventude - ( podem me esculhambar, velhos comunas...), mas que nos trouxe luz, água, túneis, urbanização e o conceito de administração moderna contra a politicagem fisiológica. Lacerda, com todos seus defeitos, era um atalho no populismo que tirou o Rio do ciclo "de dia falta água, de noite falta luz..."

Hoje, há um caldo de cultura de onde germina nossa tragédia. Ou melhor, duas grandes poças de cultura que se somam.

A primeira grande poça trágica é a imensa ignorância da população pobre, presa da demagogia de oportunistas que usam a religião, o clientelismo, o cabresto, grana, tudo para conquistar votos.
A crassa ignorância dos despossuídos é o chão onde crescem os pseudo-políticos, como a água parada gesta ovos de mosquitos.

A segunda poça de germes é mais sutil. Não está no analfabetismo, nem na crendice, nem na ingenuidade. Está no carioca médio e em sua "cultura malandra". Depois de décadas de desgraça, ainda não sabemos como agir, como nos mobilizar, além de vagos protestos, cartas a leitores ou comentários (como eu mesmo faço), na facilidade da indignação impotente.

Jabor 2/2

Cariocas, somos considerados criativos e manemolentes, quando hoje estamos mal informados e sem inspiração. Somos malandros com o terno esfarrapado, a navalha sem aço e o chapéu panamá rasgado. O carioca tem uma "poética" irresponsabilidade política. Carioca gosta de falar de política mas não de agir politicamente; tudo se afoga no chope ou na praia e chegamos, no máximo, a movimentos abstratos, pedindo paz, abraçando a Lagoa, cantando, chorando.

O carioca é ideológico, mas deixa a política para os canalhas. E nossa única saída para a tragédia que vivemos seria uma virada pragmática, uma mudança, uma diferença de métodos e de ética. O Rio está organizado para "não" funcionar.

Tornou-se impossível governar sem uma macro-mudança administrativa. Precisamos de cinturões industriais na periferias, precisamos criar algum objetivo econômico para a região, seja a criação de uma "hong kong" carioca, uma base financeira e cultural. A idéia de que há uma "solução" para o Rio é uma falácia. Precisamos de atalhos, de imaginação. Não dá para retornar a uma "normalidade" ideal, apenas por uma corriqueira substituição de poder. O Rio tem de planejar seu futuro em cima de um luto, da aceitação de uma grave encrenca em estado adiantado.

Com a aproximação das eleições para a Prefeitura, dois cenários se apresentam na paisagem política: o atraso e a possibilidade de uma modernização. Marcelo Crivella é o uso da política como instrumento de outro poder. A prefeitura não como um instrumento para o bem da cidade. A cidade não como fim, mas como meio. Seus eleitores já foram escolhidos e apontados em sua primeira declaração contra Fernando Gabeira: "Ele é a favor de homem com homem, aborto e maconha". É nítido que ele vai usar a superstição, o moralismo tacanho, a ignorância e a obediência religiosa para se eleger, depois de ter sabiamente desviado Wagner Montes do caminho, ele o mais forte candidato no mundo da ignorância pública.

Para esta vertente político-religiosa, quanto mais paralisada a máquina da cidade, melhor. Quanto mais indefesos forem os aparelhos do estado, melhor. Depois do populismo chaguista no estado, depois da honestidade incompetente de Saturnino Braga, depois do brizolismo, da piração de Cesar Maia, involuímos para o populismo da fé.

Por outro lado, a possibilidade de eleição de Fernando Gabeira pode ser uma oportuna retomada de um pragmatismo que não se vê desde o boom do Estado da Guanabara. Não falo por salvacionismo, nem Gabeira seria um bonaparte. Falo porque ele pode criar uma nova vertente política, cortando caminhos pela imaginação, pela criatividade e pelo nível intelectual e contemporâneo que ele representa. Mudança de rumos, mudança: quase um Obama carioca.

Quem pode atrapalhar Gabeira? Homens e mulheres de bem, como Chico Alencar, Jandira, Eduardo Paes, que pensam ainda em termos legítimos (sem dúvida) mas também sem possibilidade alguma de vitória.

Eles teriam de entender e se coligar com o único que tem uma chance de vencer o populismo psicótico (sou um romântico). Entender que o Rio não é uma cidade a mais à espera de uma eleição. Somos uma calamidade urgente que tem de ser assumida, como o desmatamento da Amazônia ou a seca no Nordeste.

Chega

A campanha eleitoral para Prefeito ainda nem começou oficialmente, e os eleitores já se deparam com o cenário tradicional da política pela política, sem nenhuma vinculação com o mundo real onde vivem e andam as pessoas normais.

Os políticos brasileiros há muito se acostumaram com esse mundo de fantasia, com essa realidade alternativa onde os sorrisos, tapas nas costas e poses para fotos são o mais importante. Nessa dimensão paralela, o que importa são as pesquisas eleitorais (ou eleitoreiras), que indicam o que o povo quer ouvir. E não o que o povo precisa ouvir.

Não é importante um plano de governo. O importante é o plano de campanha.

Não importa analisar, destrinchar, equacionar os problemas e oportunidades que virão junto com a cidade. O que importa são as alianças.

Nesse mundo bizarro é possível, ao mesmo tempo, defender uma idéia e formar alianças que batam de frente com ela.

Então se esquece a cidade, seus habitantes, a realidade do dia-a-dia - as calçadas, os onibus, o esgoto, o lixo - e tudo vira um jogo. É a política pura, dos conchavos, dos interesses inconfessáveis.

É preciso que o carioca diga NÃO, com letras maiúsculas.

Chega.

Parque Garota de Ipanema

Para saborear uma pequena vitória em uma luta que continua, dê uma lida no último post do Projeto de Segurança de Ipanema.

Um cidadão, um email, muitas possibilidades.

Responsabilidade e Respeito

Está lançado o grito de guerra dos cidadãos do Rio de Janeiro, nesse ano de 2008, em que mais uma campanha eleitoral para prefeito e vereador irá em breve bater em nossas portas.

Só teremos a cidade que queremos e precisamos para criar nossas famílias em paz, quando todos os envolvidos - os administradores públicos, os legisladores, e, principalmente, a população - assumirem suas responsabilidades e adotarem o respeito como princípio básico.

Administradores públicos precisam administrar bem. Precisam apresentar resultados visíveis. Precisam cuidar com competência do trânsito, do lixo, do meio ambiente, dos camelôs.

E quem decide se o trabalho é feito com competência ou não ? O cidadão, no seu dia-a-dia.

A administração municipal precisa assumir sua responsabilidade em relação à segurança pública. Não é porque polícias armadas são prerrogativa constitucional do Governo do Estado que a Prefeitura pode assistir de braços cruzados enquanto os cidadãos do Rio são alvo de barbárie.

A Prefeitura pode fazer muito pela segurança pública. Basta iniciativa, criatividade, competência. Os recursos financeiros existem.

Não há desculpas. Administradores públicos que não sabem ou não querem administrar, devem sair. Já. Agora.

É uma questão de respeito. Como também o são calçadas livres de camelôs, de carros e de buracos, sinais que funcionem, iluminação que ilumine, guarda municipal que efetivamente proteja a população.

Nada disso é pedir demais. É preciso repetir até a exaustão. É preciso levantar nossa voz todo o dia, a cada absurdo, a cada ônibus que fura um sinal vermelho impunemente enquanto atravessamos a rua com nossos filhos.

É uma questão de responsabilidade.

E respeito.

(na foto lá em cima, para provar que o Rio é lindo, Biguás voam em formação, voltando do almoço na Baía de Guanabara para suas casas nas Ilhas Tijucas)

A Quem Pertence Essa Cidade

A Prefeitura do Rio de Janeiro arrecadou em 2007 9 bilhões e meio de reais.

O Rio de Janeiro é uma das cidades mais ricas e importantes do Brasil, conhecida no mundo inteiro.

A Prefeitura tem uma estrutura administrativa complexa, que divide a cidade em Regiões Admistrativas e Sub-Prefeituras. Temos uma Companhia de Trânsito, uma Empresa de Limpeza Urbana, uma Guarda Municipal.

Então porque nossas praças se encontram abandonadas, cheias de lixo, mato e mendigos bêbados ?

Porque ficamos presos em engarrafamentos sem sentido, provocados por sinais sem sincronização e pela falta de coordenação do trânsito ?

Porque nossas ruas estão entupidas de ônibus ruidosos, desconfortáveis e inseguros, montados em cima de chassis de caminhões, trafegando em alta velocidade, cuspindo fumaça nos nossos rostos ?

Porque andamos com mêdo de ser roubados, nas ruas, nas praias, no volante dos nossos carros ?

Porque não há lixeiras na areia de nossas praias ? Porque é preciso esperar que o lixo se acumule em monturos no final do dia, quando boa parte dele já foi para o mar ?

Porque os carros sobre as calçadas impedem a passagem dos pedestres ?

Porque é impossível caminhar em certas calçadas de Copacabana e do Centro, tamanha é a quantidade de barracas de camelôs ?

Porque a iluminação pública é deficiente ?

Porque não há um sinal no local onde atravesso a rua com o meu filho ?

Onde moram os administradores desta cidade ? A quem eles respondem ? Quais são, na verdade, seus objetivos ?

Onde estão e o que fazem o Sub-Prefeito e o Administrador Regional responsáveis pela área onde eu moro ?

Será que eles passam por onde eu passo, vêem o que eu vejo ?

Essa cidade é nossa. Temos que tomar posse dela.

(na foto lá em cima, a cena de um domingo de manhã no Parque Garota de Ipanema: lixo por todo lado e um empregado de um quiosque urinando no canteiro)

Dia Mundial de Limpeza das Praias


Convido a todos para participarem de uma grande mobilização de limpeza das praias que acontecerá simultaneamente em vários Estados do Brasil.

Dia: Sábado 29 de Março
Local: Praia do Arpoador, ao lado do rack de pranchas.
Horário: A partir das 9:00

Segue site da Ong responsável: http://www.surfrider.org.br/valeupraia2008/

Um bom lugar para começar

Um bom lugar para começar nossa revolução social seria na calçada em frente ao edifício Avenida Central, na Avenida Rio Branco.

Ali onde ficam sempre de 8 a 10 homens grandes, mal-encarados e mal-vestidos, em pé lado a lado bloqueando a calçada e abordando os pedestres.

Eles estão ali vendendo software pirata. Aos berros.

"Photoshop, Corel, Windows Vista".

Bem em frente um grupo da Guarda Municipal observa enquanto várias transações comerciais são realizadas.

Isso é um crime. De difícil eliminação, é verdade. Os mecanismos de cópia e distribuição são complexos. Não faltam clientes, que não se incomodam em adquirir seu produto pirata no meio da rua, em plena luz do dia. Talvez seja impossível eliminar esse problema.

Mas o que acontece ali, na frente do Avenida Central, não poderia acontecer em lugar nenhum.

Bastaria colher provas - filmar e fotografar algumas das transações, o que pode ser feito com facilidade - e prender os vendedores e alguns clientes.

Bastaria aplicar as penas da lei, da forma que fosse possivel.

O que não podemos fazer é aceitar como normal essa atividade debaixo dos nossos olhos.

É um acinte. É um absurdo. É a semente de outros males mais graves que continuarão a infestar nossa cidade enquanto a sociedade e as autoridades não aprenderem a dizer "não, de jeito nenhum".

Desvestindo um Santo

A discussão sobre o desligamento de radares de trânsito à noite, para evitar assaltos, lembra a piada do sujeito que, ao encontrar sua mulher traindo-o com um amigo no sofá da sala, eliminou o sofá.

Essa polêmica sem sentido, alimentada pela fogo de palha da mídia, obscurece o fato mais básico: os assaltos só acabarão quando acabarem os assaltantes.

Se os radares forem desligados à noite e ninguém diminuir mais a velocidade, os assaltantes passarão a atacar nos cruzamentos, nos postos de gasolina ou fazendo falsas blitzes. É o deslocamento da mancha da criminalidade, um fenômeno conhecido das polícias de todo o mundo.

Não há outra solução além da óbvia: a única forma de reduzir ou acabar com os assaltos a motoristas é prender mais bandidos, e mantê-los na cadeia.

A Responsabilidade é Toda Nossa

Uma certa corrente de opinião credita o sucesso dos Estados Unidos como nação a duas crenças tão enraizadas na cultura norte-americana que são, para os seus cidadãos, imperceptíveis.

Uma é a crença de que cada um determina o seu próprio destino, ao invés de ser uma mera vítima das circunstâncias. As dificuldades que surgem são obstáculos temporários, a ser vencidos com trabalho e persistência.

A outra é a certeza de que seus filhos terão uma vida melhor que a dos seus pais.

Com isso eles não têm dúvida de que têm seu destino em suas mãos, e que são responsáveis por ele. Nós, brasileiros, preferimos sempre transferir a responsabilidade para outros.

Hoje as coisas estão erradas como consequência do regime militar. Na época do regime militar, a culpa era da anarquia e corrupção dos governos Jânio Quadros e Jango. Antes disso a culpa deve ter sido do Getúlio, da política do Café-com-Leite, da proclamação da república.

Não me interessa a explicação sociológica ou histórica desse comportamento. Minha geração está farta disso. Queremos começar agora, hoje, o país que é dono do seu destino, o país onde os filhos viverão melhor que seus pais.

A responsabilidade, e a honra, são todas nossas.

História de Natal (atrasada)

Quem foi à praia no dia 24 recebeu seu presente de Natal adiantado.

A água estava morna, como é raro se ver nessa época, tradicionalmente de águas geladas. E transparente: era possível ver o fundo com clareza. O mar estava calmo como uma piscina.

Por algum motivo a praia estava vazia. Consequentemente, a areia estava limpa.

Um pai, surpreso com o que via, arriscou levar o seu filho de 4 anos para um mergulho nas pedras do Arpoador. Novas surpresas: com a maré baixa o mar dava pé até lá no fundo, perto das pedras. Com o menino no colo, ele descobre um minúsculo trecho de areia branca entre as rochas - uma mini praia, parecendo virgem, intocada. Segurando o menino pela mão ele sobre, evitando as algas e as conchas nas pedras, e fica de pé na areia, olhando o mar.

Na sua frente as pedras do Arpoador, a água azul cristalina do mar, e no fundo, lá em frente, o morro Dois Irmãos e a Pedra da Gávea.

Uma pequena praia de areia branca. Um mar azul transparente. Uma visão de ilhas tropicais em pleno Rio de Janeiro.

Ele volta devagar, com água pelo peito, o garoto no colo, e cruza com um turista mineiro que traz, pendurado na mão, um enorme siri, capturado na beira da praia.

Para devolver ao mar, às águas fundas.

Abençoada seja essa cidade, é a única coisa que ele consegue pensar, abençoado seja esse pedaço de natureza que eu vou preservar para os meus filhos, custe o que custar.