Meus amigos sabem que sou apaixonado pelo Rio de Janeiro.
Não nasci no Rio. Só vim morar aqui em 1973, aos 11 anos. No início, estranhei. Vinha de Salvador, que, na época, era quase uma cidade do interior. Aqui havia muito carro, as calçadas eram de pedras portuguesas, sem um pedacinho sequer descoberto (em Salvador havia mais barro e mato que calçadas). A água do mar era gelada. No primeiro mês um moleque passou correndo e tomou da minha mão um cruzeiro que eu levava para comprar uma revista em quadrinhos (lição aprendida: deste então o dinheiro só anda na mão bem fechada).
O choque da beleza do Rio veio aos poucos, em imagens que levei tempo até conseguir juntar na minha cabeça. A saída do Túnel do Joá por cima do canal do quebra-mar, em um dia de mar e céu azuis. A estrada das Canoas, cortando a floresta. O lugar -comum do Pão-de-Açucar, que é tudo menos lugar comum. A entrada da Baía de Guanabara, vista de um barco.
Esta não é a única cidade linda do mundo (tem Aspen, San Francisco, Paris).
Mas é a minha.
(vejam a foto lá em cima e entendam o que eu digo).