Sou de Esquerda, Mas Não Sei o Que Isso Quer Dizer

"Sou de esquerda", muita gente diz, "porque acredito em uma vida melhor para todos". É uma posição sincera, mas cabe uma explicação.

O pensamento político de esquerda é bem definido. Se você é de esquerda você tem que ser socialista ou comunista.

Socialistas acreditam na estatização dos meios de produção. Tudo - fábricas, lojas, pizzarias, hospitais, supermercados - deve pertencer ao Estado. Comunistas acreditam na ditadura do proletariado. No comunismo todos os bens são propriedade de todos. Tudo é coletivo. Nos dois regimes só existe um partido ao qual devemos obediência cega.

(É claro que há muita gente que se declara comunista ou socialista, mas não acredita em nada disso, ganha muito dinheiro, usa iPhone e faz suas compras em Miami ou Nova Iorque)

Nesse ponto me interrompem:

"Mas eu não sou socialista nem comunista. Eu sou de esquerda porque desejo uma vida melhor para os menos favorecidos".

Então você não é de esquerda. Você é solidário. Eu também sou. Trabalho pra isso.

"Eu sou de esquerda porque acredito que o Estado deve dirigir a economia e proteger os mais fracos".

Então você não é de esquerda: você simplesmente acredita no Estado Interventor. Muitas pessoas que se dizem "de direita" também acreditam nisso. Dois dos períodos em que o Estado brasileiro mais interviu na economia - para "desenvolver o país" e "proteger os mais pobres" - foram durante a ditadura Vargas e durante o regime militar de 1964.

"Eu sou de esquerda porque acredito na igualdade de direitos". Todos são iguais perante a lei: é o que diz o Artigo 7 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Não é preciso ser de esquerda para lutar por isso.

"Sou de esquerda porque defendo as minorias". A luta por dignidade é uma bandeira humanista, que nada tem a ver com a esquerda. Basta ver como os regimes socialistas e comunistas tratam as minorias: com campos de concentração.

Muitos se declaram "de esquerda" porque é politicamente correto. No Brasil quem não é de esquerda é automaticamente classificado como direita.

Precisamos esquecer esse debate tolo. Precisamos nos livrar desse condicionamento mental que concede a uma corrente política totalitária o monopólio da virtude e das boas intenções.

Esquerda não é o bem, não é solidariedade, não é justiça.

O bem, a solidariedade e a justiça só precisam de homens e mulheres livres e conscientes para prosperar.

E homens e mulheres livres não dependem de ideologia.