Um Dia de Julho

Naquela sexta feira de Julho eu cheguei mais cedo em casa e finalmente tive tempo para olhar as bicicletas que estavam esquecidas na garagem há um ano. Como era de se esperar, estavam cobertas de sujeira e ferrugem. Peguei a que parecia em melhor estado e atravessei a rua até a loja de bicicletas que fica na esquina com a Avenida Atlântica.

Nunca havia entrado ali, intimidado pela vitrine e suas bicicletas de nome italiano, com preços altíssimos, tudo moderno e impecável. Engano meu: não só eles consertavam bicicletas comuns, como os preços eram bastante razoáveis. Por sessenta reais teria minha bicicleta em condições de andar com segurança. Topei, e fiquei de buscá-la no dia seguinte.

Enquanto conversava com o mecânico, a moça do caixa se aproximou do guarda de segurança que cuida daquela esquina (cada esquina do Rio de Janeiro agora tem um segurança) e apontou na direção do meu prédio.

“Você aí parado, uma moça acabou de ser assaltada lá do outro lado”.

O segurança olhou para onde ela apontava e deu de ombros.

“Lá é do outro lado, eu cuido daqui”.

Na entrada do prédio o porteiro me confirmou: uma moça tivera sua bolsa roubada por um ladrão de bicicleta, que fugiu em disparada. Na frente da minha casa, às três horas da tarde de uma sexta feira.