Propor a descriminalização do aborto não significa ser a favor do aborto, ou recomendar o aborto como método anticoncepcional.
Significa apenas ser a favor de dar à mulher o direito de decidir entre levar ou não sua gravidez adiante.
É evidente que, seja qual for o contexto, a decisão de abortar é dolorosa, traumatizante, terrível, que nenhuma mulher toma de forma leviana. Só não sabe disso quem não conhece as mulheres - e nessa categoria se encontram muitos legisladores.
É evidente que precisamos dar às mulheres pobres instrumentos e meios de melhorar sua situação, como educação, saúde, segurança e emprego. Mas forçar, sob as penas da lei,uma garota pobre a ter um fiho indesejado só vai resultar em uma coisa: reprodução da miséria. Isso não é uma opinião, é um fato amplamente comprovado por estudos sociais e econômicos. É também a realidade diária com a qual nos deparamos.
O aborto é uma questão que diz respeito, fundamentalmente, às mulheres. São elas que deveriam ter a palavra final sobre a questão. Aos homens cabe trabalhar para lhes garantir a liberdade de escolha, e condições dignas para ter e criar os seus filhos, se for essa sua decisão.