As recentes declarações do Governador Sérgio Cabral sobre o aborto (http://oglobo.globo.com/rio/mat/2007/10/24/326886912.asp) foram recebidas com as já esperadas reações estereotipadas dos suspeitos costumeiros - os defensores do povo e do políticamente correto - que as classificaram como "teoria nazi-facista e racista" e "eurocentrismo colonialista".
Como sempre acontece, os oportunistas de plantão - neste caso, um bravo deputado federal - estão mais interessados nos cinco minutos de exposição na mídia do que em pensar e debater a questão.
O Governador Cabral nada mais fez do que citar um estudo sério, com base científica, que pode não ser verdade absoluta (nada em ciência o é - apenas a fé tem essa aspiração) mas que foi realizado em uma das maiores universidades do mundo, e que tem se sustentado contra todo o tipo de crítica.
Ninguém precisa ler esse estudo. Basta ir até a marquise da agência do HSBC, quase na esquina de Prudente de Moraes com Vinícius, em Ipanema. É grande a probabilidade de encontrar a "mendiga parideira", conhecida dos moradores, que tem em média um filho por ano, que ela imediatamente coloca na índústria da esmola.
Basta parar o carro no sinal em frente à Help, na Avenida Atlântica, onde ontem à noite eu vi uma criança de não mais que 7 anos perambulando perigosamente entre os carros, um pacote de balas na mão.
Filhos devem ser desejados, e concebidos por pais (e mães) que tenham as mínimas condições de lhes proporcionar uma vida digna.
A verdade está na cara de todos: as mulheres ricas têm acesso ao aborto, as mulheres pobres têm a lei.
Tudo o mais é hipocrisia.