Segue abaixo a tradução de uma matéria publicada na edição de 20-26 de Outubro da revista The Economist, entitulada “O Aborto e a Lei”
“Leis restritivas não reduzem o número de abortos
Quando o clero católico ou os políticos conservadores propõem que a legislação relativa ao aborto seja restritiva, eles o fazem acreditando que isso reduzirá o número de abortos. Entretanto, o maior estudo sobre aborto já realizado no mundo questiona esta posição
Restringir o aborto, de acordo com o estudo, tem pouco efeito no número de abortos realizados. A única conseqüência é forçar as mulheres a recorrerem a procedimentos clandestinos, ilegais e freqüentemente arriscados, causando um número estimado de 67.000 mortes por ano. Outros 5 milhões de mulheres precisam ser hospitalizadas devido a abortos mal feitos.
Na África e na Ásia, onde aborto é, de uma forma geral, ilegal ou restrito, a taxa de aborto em 2003 (o último ano para o qual existem dados disponíveis) foi de 29 em cada 1.000 mulheres, na faixa de 15-44 anos. Esse número é quase idêntico ao da Europa (28 em 1.000), onde o acesso ao aborto é amplamente disponível.
A América Latina, que tem algumas das mais restritivas leis de aborto, é a região com o mais alto índice de abortos (31 em 1.000), enquanto a Europa Ocidental, que possui as leis mais liberais, tem a menor taxa (12 em 1.000).”
O estudo foi realizado pelo Guttmacher Institute in New York, em colaboração com a World Health Organization (WHO), e publicado na revista médica britânica Lancet.
Eis o que esses dados dizem: tornar o aborto ilegal – ou seja, retirar da mulher, ou do casal, a possibilidade de decidir entre ter ou não aquele filho – não é apenas errado do ponto de vista social, mas é, também, totalmente ineficiente.