Assassinato do turista Italiano - Email para o Repórter de Crime

Prezado Jorge,

Embora seja voluntário do Projeto de Segurança de Ipanema, escrevo esta carta em meu nome apenas, como cidadão brasileiro e Ipanemense. Gostaria de fazer alguns comentários sobre o trágico (mas previsível) acontecimento que resultou no assassinato de Giorgio Morasse, nessa segunda-feira.

Não existe "Gangue das Bicicletas". Existem criminosos que usam bicicletas para assaltar nos calçadões de Copacabana e Ipanema. Eu já testemunhei 3 assaltos na minha vizinhança, e em um deles persegui sem sucesso o ladrão (veja o relato em http://seispormeiaduzia.blogspot.com/2007/09/um-dia-de-julho-3.html).

Esses assaltos são extremamente comuns, e é fácil identificar os criminosos. Eles se vestem de uma mesma maneira, têm a mesma atitude suspeita, espreitam suas vítimas potenciais sem preocupação alguma com discrição. Depois do roubo pedalam furiosamente dois quarteirões, depois voltam a passear tranquilamente, ou param para examinar o produto do roubo.

É um crime de difícil repressão, já que eles só agem quando não há policiamento ostensivo por perto. Me parece que só há suas formas de combate efetivo: ou através de um policiamento à paisana, com policiais disfarçados de turistas servindo de isca, ou com uma investigação que identifique os criminosos que vivem desta prática.

Embora prisões tenham sido feitas no passado, parece aos moradores de Ipanema que falta um compromisso permanente de combate a essa modalidade de crime. Por que a Delegacia de Atendimento ao Turista não mantém, permanentemente, equipes à paisana nas áreas freqüentadas por turistas, como Copacabana e Ipanema ? Por que a 14a DP não aceita a colaboração oferecida pela equipe do Projeto de Segurança de Ipanema, para trabalhar em conjunto, usando a energia e disposição dos próprios cidadãos, no combate ao crime ?

Cabe aqui mais uma observação. Esse episódio não teria o fim trágico que teve se não tivesse ocorrido o atropelamento. Qualquer cidadão que use a ciclovia de Ipanema sabe o perigo que corre: uma divisão mínima de pedra portuguesa separa a ciclovia da pista, por onde passam ônibus e caminhões em alta velocidade. Na Vieira Souto o limite de velocidade é 70 km/h. Essa é uma velocidade de rodovia, não de uma avenida urbana ao lado de uma ciclovia. Qualquer pessoa que fique em pé na borda da ciclovia, aguardando a vez de atravessar a rua, corre risco de vida. O perigo é constante, e como foi demonstrado nesse caso, qualquer movimento em falso é fatal.

Abraços,

Roberto Motta