O Indivíduo, Livre

A realidade teima em ser muito mais complexa do que admitem as ideologias.

Ainda se contam aos milhões, no mundo todo, os homens cegos à realidade, e totalmente ignorantes das lições que um mínimo de conhecimento da história pode trazer.

E a história se repete, usando esse tolos cegos como marionetes, na Ásia, no Oriente Médio, na África e na América Latina.

Especialmente na América Latina.

Eu não acredito na viabilidade de sociedades que não sejam baseadas na economia de mercado, com o desenvolvimento econômico gerando o desenvolvimento social, tudo construído em cima da busca individual pelo progresso e pela felicidade.

É da força e da energia do indivíduo que nasce a riqueza da sociedade. É a vontade individual de vencer, de melhorar de vida e deixar um mundo melhor para os filhos que transforma o mundo. Não são planos governamentais. Não são políticas de estímulo disso ou daquilo. Não são leis, regras, constituições.

É o indivíduo, livre.

Mas ninguém precisa acreditar em mim. Bastar ler os jornais, e estudar um pouco de história.

Para ajudar, incluo aqui duas fotos.

A primeira é de uma retirante miserável, acampada na beira de uma estrada com seus três filhos famintos. Apesar da aparência envelhecida, a mulher só tem 32 anos. Seus filhos estão sem comer há alguns dias.

A foto foi tirada em março de 1936, a trezentos quilômetros ao norte de Los Angeles, nos Estados Unidos.

A segunda foi tirada também nos Estados Unidos, em 1944, e mostra, em primeiro plano, Gladys Owens, uma das operadoras dos painéis de controle da fábrica de combustível nuclear de Oak Ridge, no Tennessee. O urânio ali produzido era enviado para Los Alamos, onde foi montada a primeira bomba atômica dos Estados Unidos, detonada em Hiroshima, que levou ao fim da Segunda Guerra mundial. Ao contrário do que se pensa, o programa nuclear americano foi criado pela iniciativa de um grupo de cientistas, a maioria europeus, refugiados do fascismo e nazismo. Enrico Fermi era italiano, John Von Neumann, Edward Teller e Leo Szilard eram húngaros, Stanislaw Ulam era polonês.

Menos de dez anos separam as duas fotos.